Gustavo Corção foi um escritor, jornalista e engenheiro brasileiro, comumente conhecido pelo seu pensamento conservador e católico. Escreveu principalmente sobre política e conduta, sendo o seu único livro de ficção, Lições de abismo, amplamente admirado na literatura brasileira.
Vida pessoal e profissional
Gustavo Corção Braga nasceu dia 17 de dezembro de 1896, na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal do país. Seu pai, Francisco Braga, era contador e faleceu quando Corção ainda era criança. Sua mãe, Graciete Corção Braga, tornou-se viúva com cinco filhos e dedicou-se à costura para ter condições de criá-los.
Os primeiros estudos de Corção foram numa escola pública, indo depois cursar o ensino secundário no famoso Colégio Pedro II. Sua inteligência diversificada sempre chamou atenção, pois ele se sobressaía em tudo o que fazia. Aos dez anos, já lecionava aritmética por dez contos de réis. Nos esportes, ganhou um concurso de salto na adolescência e dedicou-se à esgrima. No campo das artes, teve aulas de piano, violino e pintura. Também se dedicou ao xadrez e quase ganhou o campeonato nacional, porém precisou abandonar a competição quando chegou na partida final.
Aos dezesseis anos, ingressou na faculdade de engenharia da antiga Escola Politécnica, atual UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nessa época, sua mãe já havia criado o Colégio Corção, onde Gustavo iniciou suas atividades docentes, lecionando diversas matérias nos cursos primário e secundário do colégio de sua mãe.
Ainda estudante, aprendeu alemão com Evandro Pequeno e leu O Capital, de Karl Marx, na língua original, tornando-se simpático ao comunismo. A partir daí, nutriu diversas amizades com militantes dessa concepção econômico-filosófica.
Em 1920, após três anos de curso superior, abandonou a engenharia para trabalhar numa empresa de levantamentos topográficos, de propriedade de um irmão. Manteve-se nesse trabalho até 1922, tendo realizado muitas viagens por meio dele, sobretudo para o Mato Grosso. Estando lá, pegou malária, o que fez com que ele retornasse para o Rio de Janeiro, onde voltou a dedicar-se à engenharia, sempre no campo das telecomunicações ou da eletrônica. Nessa época, casou-se com Diva Paiva, mulher muito católica que não concordava com as ideologias do marido.
Tempos depois, trabalhou como técnico em eletricidade industrial, realizando projetos em Barra do Piraí – RJ e em Cachoeiro de Itapemirim – ES. Embora não tivesse diploma, em 1925 foi convidado por Manuel Amoroso Costa para o cargo de assistente da cadeira de astronomia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, iniciando então sua carreira de professor universitário.
Paralelamente, entre 1926 e 1937 trabalhou como engenheiro na Radiobrás, empresa de radiotelegrafia e telefonia. Nela, participou do grupo que fez as primeiras transmissões de rádio transoceânicas de toda a América Latina. Em 1928, viajou à Europa por meio de um programa de intercâmbio técnico de telecomunicações. Em 1931, foi o técnico responsável pela primeira iluminação do Cristo Redentor.
Em 1935, deu aulas de eletrônica na Escola Técnica do Exército (atual Instituto Militar de Engenharia – IME) e começou a trabalhar no setor de telecomunicações da Rádio Cinefon Brasileira.
A morte de sua mulher, em 1936, provocou-lhe uma profunda crise existencial. Nessa época, dois engenheiros, colegas de trabalho na Radiobrás, presentearam-no com os livros A Esfera e a Cruz, de G. K. Chesterton, e Reflexões sobre a Inteligência e sobre sua Vida Própria, de Jacques Maritain. As ideias desses dois livros somadas ao vazio da morte da esposa provocaram uma profunda mudança ideológica em Corção. Foi assim que ele se aproximou cada vez mais do catolicismo, religião na qual ele alega ter encontrado respostas para suas indagações.
Em 1939, conheceu Alceu Amoroso Lima, presidente do Centro Dom Vital. Influenciado por esse líder católico, iniciou os estudos em filosofia tomista, sendo encaminhado depois para o Mosteiro de São Bento, local em que estudou teologia e tornou-se oblato. A partir desse ano, deu início à sua vocação literária e escreveu para a revista A Ordem, do Centro Dom Vital.
Cinco anos depois, lançou seu primeiro livro, A Descoberta do Outro (1944), que narra a história de sua conversão. Em 1945, consagrou-se como escritor lançando seu segundo livro, Três alqueires e uma vaca.
Gustavo Corção faleceu dia 6 de julho de 1978, no Rio de Janeiro, deixando dois filhos do primeiro casamento e quatro do segundo, com Hebe Nathanson Ferreira da Silva.
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