O que a carteira em sala de aula tem a ver com um mundo hiperconectado? Muito pouco, sem dúvida. Talvez quase nada… Afinal, o mundo mudou, alunos e professores mudaram, a dinâmica das interações não é mais a mesma dentro e fora da escola.

Sobretudo depois da pandemia, quem imagina ser possível retornar à escola sem ter um novo olhar sobre as coisas?

Nesse cenário, é crucial que o professor perceba o quanto a tecnologia pode ser uma aliada na mediação do conhecimento e como o interesse é um motor superpotente para a aprendizagem. Então, não há como dissociar a educação – não só a alfabetização, mas o letramento, em particular – de como o mundo se encontra hoje, com tantos bites e bytes, gigas e “gês” rolando por aí.

Em 2020, 92% das crianças e adolescentes brasileiros de 10 a 17 anos viviam em domicílios com acesso à internet, segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). A proporção foi menor (82%) para indivíduos das classes D e E. Porém é importante ressaltar que a inserção de recursos tecnológicos no ambiente educacional, por si só, não garante que o estudante absorva o conhecimento.

O que pode trazer esse resultado é a maneira como o professor promove a articulação entre as ferramentas e conteúdos curriculares. E, diga-se, isso pode ser um enorme desafio para ele, que vai confrontar suas habilidades com os alunos nativos digitais.

Dinamismo e acessibilidade

De qualquer forma, os altos índices de penetração da internet nas casas dos estudantes animam quem acredita que a tecnologia seja capaz de ampliar as possibilidades pedagógicas do professor, tornando as aulas mais atrativas a partir do uso de ferramentas digitais que tragam dinamismo, acessibilidade e respeito aos diferentes ritmos e estilos de aprendizagem das pessoas.

Isso sem falar na redução do custo e na otimização do tempo em sala de aula de alfabetização com o uso da tecnologia. Com ela, o professor consegue proporcionar um número grande de atividades e, dependendo da plataforma, obter um relatório que mostra as dificuldades individuais dos estudantes ou os erros mais comuns da turma.

O espectro de ferramentas digitais é vasto e vai de aplicativos de estudo a jogos prontos (ou que permitam ao professor modificar o conteúdo) e soluções digitais de leitura infanto-juvenil. Há ainda ferramentas como Google Sala de Aula (Google Classroom), que favorece a troca de materiais e de conhecimentos sobre a ação pedagógica.

Os jogos digitais, em especial, podem ter um papel fundamental no processo de alfabetização. Ao mesmo tempo em que colaboram no desenvolvimento da concentração, do raciocínio lógico (exigem uma movimentação mental) e da colaboração entre as crianças, incentivam a leitura e a escrita e ajudam a fixar o conteúdo.

Em um jogo, por exemplo, a criança vai precisar colocar em prática muito do que aprendeu para avançar de fase. Será necessário juntar o que sabe do mundo real para testar hipóteses no ambiente virtual e explorar sua espontaneidade e criatividade.

Alguns aplicativos e programas permitem trabalhar offline e de modo assíncrono. Isso é ainda mais relevante porque diversas atividades realizadas online ou em dispositivos eletrônicos permitem que a criança tenha um feedback imediato, e a criança não precisa esperar a correção da professora para identificar seus equívocos ou omissões. Seu o exercício for realizado em duplas ou grupos, o resultado pode ser potencializado pela troca entre os alunos.

Mas não se deve esquecer da importância também de contribuir para o processo de digitalização da criança e do adolescente. É preciso que ele aprenda a manipular o software e o hardware de modo seguro.

Vale ressaltar, ainda, que o uso de jogos e de telas, em geral, deve ser limitado e monitorado de perto por pais e professores, para evitar efeitos negativos no desenvolvimento social e cognitivo das crianças, como o atraso no desenvolvimento da coordenação motora fina, a dificuldade de concentração, entre outros.

Por fim, é importante ressaltar que, na internet, o acervo de Literatura Infantil é praticamente ilimitado. Plataformas on-line estimulam o desenvolvimento do gosto pela leitura ao ampliar o leque de títulos à disposição. Além disso, há hoje vários especialistas nas redes sociais que ajudam pais a selecionar boas obras para lerem com as crianças e a promoverem a Literacia Familiar.

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Gostou do artigo? Então, vale a pena aprofundar seus conhecimentos com o Guia da Alfabetização.