Donald Trump: 5 figuras de linguagem do discurso da vitória

O republicano Donald Trump derrotou a democrata Kamala Harris e foi eleito novamente para presidir os Estados Unidos. Neste artigo, vamos analisar 5 figuras de linguagem que ele utilizou em seu discurso da vitória. Saber identificar essas estratégias de estilo é algo muito útil para provas de concursos. Confira!

análise do discurso de Donald Trump

1) Hipérbole

De acordo com Fernando Pestana, em A Gramática para Concursos Públicos, a hipérbole é figura de linguagem que denota exagero, extrapolação.

Em seu discurso, Trump afirmou que “superamos obstáculos que ninguém acreditava serem possíveis”. Ao generalizar, dizendo que nenhuma pessoa pensava que a missão seria alcançável, o político buscou ampliar a magnitude do feito, lançando mão de uma hipérbole.

2) Anáfora

Pestana explica que a anáfora consiste na”repetição de vocábulo ou expressão no início de cada verso ou frase”. Nesse sentido, Trump utilizou essa figura de linguagem no seguinte trecho: “Vou lutar por você, por sua família e por seu futuro”.

A repetição da preposição “por”, além de ajudar no ritmo do discurso, também contribui para conectar e encadear argumentos que reforçam a tese central da fala do orador.

3) Metáfora

A metáfora, segundo Pestana, “trata do emprego da palavra fora de seu sentido básico, recebendo nova significação por uma comparação implícita entre dois universos distintos”. Dito de outra forma, é o uso dos termos em sentido conotativo ou figurado.

Trump lança mão desse artifício retórico no seguinte trecho do discurso: “Este será verdadeiramente o período de ouro da América.”

Ao mencionar o “ouro”, o orador buscar refletir características desse metal precioso (valor, raridade, beleza, etc.) em seu novo mandato à frente da presidência dos Estados Unidos. Em outras palavras, ao usar a metáfora, ele tem a intenção de fazer uma transferência de sentido.

4) Prosopopeia

A prosopopeia ou personificação, como aponta Pestana, consiste na “atribuição de características humanas a seres não humanos”.

Nesse contexto, Trump utiliza essa figura de linguagem nesta parte de sua fala: “Vamos ajudar nosso país a se curar, temos um país que precisa de ajuda, e ele precisa de ajuda urgentemente.”

Aqui o orador associa um processo ligado aos seres vivos, o de se curar de alguma doença, aos Estados Unidos. Essa estratégia retórica contribui para gerar aproximação com o público, remetendo a uma siutação familiar aos ouvintes.

5) Apelo emocional (Pathos)

A pesquisadora Ruth Amossy, em seu livro Argumentação no Discurso, explica que o pathos (apelo emocional) é um artifício retórico que busca despertar no interlocutor sentimentos como “a cólera e a calma, a amizade e o ódio, o temor e a confiança, o pudor e a impudência, a gentileza, a piedade e a indignação, a cobiça, a emulação e o desprezo”.

Em seu discurso, Trump afirmou que “muitas pessoas me disseram que Deus poupou minha vida por um motivo.”. Ao apelar para valores espirituais e emocionais, o político sugere que sua eleição se alinha a uma missão divina.

Expressividade da Linguagem

O gramático Rocha Lima explica que a linguagem cumpre três funções principais: representação mental, exteriorização psíquica e apelo.

Essas funções englobam o modo como transmitimos nossa compreensão do mundo (função representativa), expressamos nossos sentimentos (função de exteriorização psíquica) e exercemos influência sobre o outro (função de apelo). Esse é o campo da estilística, que se dedica a estudar a expressividade da linguagem, incluindo as figuras de linguagem e estratégias retóricas.

Referências

  • A Gramática para Concursos Públicos, Fernando Pestana, páginas 832 a 835.
  • Argumentação no Discurso, Ruth Amossy, página 95.
  • Gramática Normativa da Língua Portuguesa, Rocha Lima.

*

Confira abaixo o discurso traduzido na íntegra:


Outros artigos relacionados ao tema