Bruno Tolentino foi um premiado poeta e intelectual brasileiro. Nascido numa família rica e tradicional do Rio de Janeiro, cresceu entre intelectuais e escritores que conviviam com sua família. 

Morou na Europa por mais de 30 anos, onde foi de professor universitário a detento por tráfico de drogas. No Brasil, deu declarações polêmicas à mídia, conquistando desavenças com críticos literários e professores da Universidade de São Paulo.

Vida pessoal e profissional

Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino nasceu a 12 de novembro de 1940, no Rio de Janeiro, filho de Heitor Jorge de Carvalho Tolentino e Odila de Souza Lima Tolentino. Desde criança, conviveu com renomados escritores, tais como Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto.

Tinha como primos o crítico literário Antonio Candido e a crítica teatral Bárbara Heliodora, além de ser tataraneto de Antônio Nicolau Tolentino, o qual foi membro do Conselho do Imperador, diretor da Academia de Belas Artes e fundador e presidente da Caixa Econômica Federal.

Em 1946, iniciou o estudo primário no Colégio Batista, onde também cursou o antigo ginásio. Foi alfabetizado em inglês e francês ao mesmo tempo de sua alfabetização em português.

Escreveu seu primeiro poema em 1957, o qual homenageia os 70 anos de Manuel Bandeira, e foi revisor do “Suplemento Dominical” do Jornal do Brasil. Seu primeiro livro, Anulação e outros reparos, viria em 1963.

Com o Golpe Militar de 1964, Tolentino mudou-se para a Europa a convite do poeta Giuseppe Ungaretti. Lá, viveu por 30 anos, tendo residido em países como Inglaterra, Itália, França e Bélgica.

Trabalhou como professor nas universidades de Oxford, Essex e Bristol, além de ter sido tradutor-intérprete da Comunidade Econômica Europeia. Em 1970, casou-se na Igreja Anglicana de Battersea com a brasileira Márcia Martins de Brito.

Em 1971, publicou o livro Le vrai le vain¸ em língua francesa. No ano seguinte, assumiu o lugar do poeta e amigo W. H. Auden na direção da revista Oxford Poetry Now, editora de poesia contemporânea da Universidade de Oxford. Em 1979, publica a obra About the hunt, em língua inglesa, mas logo volta a escrever em português, decidido a não mais produzir em línguas estrangeiras.

Divorciou-se de Márcia em 1982. Dois anos depois, pediu demissão de Oxford Poetry Now e deu início aos preparativos de sua volta para o Brasil, que só ocorreria de fato em 1985. Contudo, com o nascimento do filho Raphaël Phillippe Bruno em Oxford, seu filho com Martine Pappalardo, professora de Literatura Francesa, teve de retornar à Inglaterra em 1986.

Em 1987, Tolentino foi preso em flagrante no aeroporto de Heathrow, em Londres, pois portava uma maleta cheia de cocaína. A denúncia partiu da astróloga que ele havia consultado antes de viajar.

Por esse crime, o escritor foi condenado a 11 anos de prisão. Contudo, ele cumpriu apenas 22 meses da pena em Dartmoor, no Reino Unido. Na prisão, chegou a dar aulas de alfabetização e literatura para os colegas de cárcere.

Tolentino voltou para o Brasil em 1993 e, no ano seguinte, publicou As horas de Katharina. Em 1995, lançou Os Sapos de Ontem, uma coletânea de textos, artigos e poemas originados de uma polêmica intelectual com os irmãos Haroldo de Campos e Augusto de Campos. Nesse mesmo ano, publicou também Os Deuses de Hoje, e, em 1996, A Balada do Cárcere, livro nascido da experiência de sua prisão.

Ainda em 1996, operado para a remoção de um tumor no reto, descobriu ser portador do vírus HIV. Logo deu início ao tratamento e, por isso, decidiu permanecer no Brasil. Nesse ano, foi publicada uma polêmica entrevista dada por Tolentino à revista Veja.

Nela, o escritor critica a situação intelectual e cultural do Brasil, a educação brasileira entregue às mesquinharias das cátedras universitárias (em especial da Universidade de São Paulo), o Concretismo, a aceitação da letra de música enquanto poesia e do show business enquanto cultura.

Em 1998, mudou-se para São Paulo, a fim de assumir a função de editor nas revistas República e Bravo!, mas no ano seguinte deixou o trabalho e retornou à Europa. Lá, escreveu em inglês novamente, dando início à composição de The Year the Locust Hath Eaten, obra que o poeta deixou inacabada à época do seu falecimento.

Em 2002, já em São Paulo, publicou O Mundo Como Ideia e, em 2006, A Imitação do Amanhecer. Ambos lhe renderam novamente o Prêmio Jabuti, tornando-o assim um dos únicos escritores a ganhar três edições do prêmio, considerado o mais importante da literatura brasileira.

Anos depois, após um mês de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, Tolentino faleceu em decorrência de uma falência múltipla dos órgãos, aos 66 anos de idade, no dia 27 de junho de 2007.

Prêmios de Bruno Tolentino

1960 – Prêmio “Revelação de Autor”, do Sindicato de Editores e da Câmara Brasileira do Livro, pela coletânea inédita Seteclaves;

1995 – Prêmio Jabuti de Poesia, da Câmara Brasileira do Livro, com a obra As horas de Katharina;

1996 – Prêmio Cruz e Sousa de Poesia, outorgado pela Fundação Catarinense de Cultura, pelo livro A balada do cárcere;

1997 – Prêmio Abgar Renault, da Academia Brasileira de Letras, pelo livro A balada do cárcere;

2003 – Prêmio Jabuti de Poesia, pela poesia O Mundo como Ideia;

2003 – Prêmio Senador José Ermírio de Morais, pela poesia O Mundo como Ideia;

2007 – Prêmio Jabuti de Poesia, pela poesia A Imitação do Amanhecer (homenagem póstuma);

2007 – Concorreu ao Prêmio Portugal Telecom de Literatura.

Lista de obras de Bruno Tolentino

1963 – Anulação e outros reparos

1971 – Le vrai le vain 

1979 – About the hunt

1994 – As horas de Katharina

1995 – Os deuses de hoje

1995 – Os sapos de ontem 

1996 – A balada do cárcere 

2002 – O mundo como Ideia 2006 – A imitação do amanhecer

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