Língua Portuguesa e Literatura para o Enem

Categoria: Estilística e semântica (Page 1 of 3)

Os artigos reunidos nesta categoria abordam os temas da estilística e da semântica.

A estilística é a parte dos estudos da linguagem que preocupa-se com o estilo da escrita. Esse campo aborda principalmente as figuras e os vícios de linguagem.

Já a semântica é a parte dos estudos linguísticos que aborda o significado das palavras, tratando de fenômenos como a polissemia, a homonímia, a transição semântica, entre outros.

Guia de expressões idiomáticas: o que são e como utilizá-las

Com um idioma tão rico como o nosso, o que não nos faltam são expressões idiomáticas.

Você sabe o que são as expressões idiomáticas? Não conhece?

Ainda que não conheça o termo, tenho certeza que você as usa com frequência!

Vamos neste texto explicar o que são, como surgiram, e como e quando utilizar as expressões idiomáticas no seu dia a dia.

O que são as expressões idiomáticas?

São conjuntos de palavras, que quando unidas não significam o que está escrito no sentido literal, e sim que possuem um sentido figurado com um lado divertido. São um recurso linguístico que quando usado, deixam o diálogo mais leve e engraçado.

Relevância das expressões idiomáticas no contexto linguístico

As expressões idiomáticas são corriqueiramente usadas, quando falamos, em noticiários, publicações, livros, rádios, discursos, enfim, por todos e com bastante frequência.

Elas funcionam como uma espécie de importante forma de comunicação, enriquecendo textos, falas, vídeos, independente da formalidade empregada. 

São plurais, usadas por todas as camadas da sociedade, e ajudam a enfatizar ideias, criar mais impacto nas sentenças, e demonstrar sentimentos, como humor, ironia ou raiva. Esse recurso linguístico demonstra também a proficiência, o grau de conhecimento do nosso idioma.

Qual a diferença entre expressão idiomática e provérbios?

Apesar de ambos serem classificados como fraseologia, a diferença entre eles é bastante clara. As expressões idiomáticas são formadas por palavras, unidas para representar uma ideia, utilizadas de forma mais displicente, até mesmo divertida, e seu sentido não é literal, mas sim conotativo.

Já os provérbios são frases inteiras, e seu texto quer sempre passar algum tipo de ensinamento.

Exemplos de provérbios: Mais vale um pássaro na mão, do que dois voando.

A pressa é inimiga da perfeição.

A importância de conhecer essas frases para uma melhor compreensão cultural

Nossas expressões idiomáticas são fonte de cultura, já que estão ligadas a nossa história, tradições e crenças. 

Utilizadas há muitos anos, fazem parte da linguagem coloquial, e auxiliam ainda na melhor interpretação de textos, justamente por apresentarem apenas o sentido conotativo.

Com isso é possível se expressar de maneira mais simples, ainda que os temas abordados sejam mais sérios ou formais, trazendo leveza e prendendo a atenção dos ouvintes.

Onde usar as expressões idiomáticas?

Para que não restem dúvidas, vamos mostrar em que situações as expressões idiomáticas são utilizadas, e sua capacidade de mudar o contexto formal da linguagem.

Conversas informais

Uso liberado e muito bem vindo das expressões idiomáticas, uma vez que as conversas são coloquiais, e as tiradas divertidas são muito apreciadas.

Literatura

Na parte literária as expressões aparecem em textos coloquiais, já os mais antigos, ou de época, são vistas em menor quantidade, já que nesses casos a linguagem é mais formal.

Mídia

As expressões idiomáticas também são utilizadas na mídia de uma maneira geral. Porém em menor quantidade num ambiente mais formal, como o Linkedin, por exemplo, onde os objetivos são profissionais. 

Mas em redes sociais, matérias jornalísticas, no marketing, e em postagens sempre é comum a presença das expressões idiomáticas.

Para quem precisa fazer exames de proficiência de português, saber as expressões idiomáticas e seus significados será de grande ajuda, já que é costume testar o conhecimento delas em provas do DEPLE e CELPE-Bras. 

Exemplos populares de expressões idiomáticas e seus significados

Para sabermos exatamente como e quando utilizar as tão famosas expressões idiomáticas, segue um pequeno dicionário com seus significados:

  • Água que passarinho não bebe – cachaça, pinga
  • Bater papo – conversar
  • Estar com a cabeça nas nuvens – estar distraído
  • Largar de mão – desistir de algo ou alguém
  • Até debaixo d’água – em qualquer circunstância
  • Bater as botas – morrer
  • Trocar seis por meia dúzia – escolher entre coisas iguais, entre as mesmas opções
  • Arrancar os cabelos – entrar em desespero
  • Fazer vista grossa – fingir que não viu algo
  • Dar o braço a torcer – reconhecer o erro, ou ceder numa discussão
  • Bico calado – ficar em silêncio, ocultar algo
  • Chutar o balde – agir de maneira impulsiva, ou irresponsável
  • Resolver um pepino – resolver um problema, solucionar algo
  • Cair a ficha – entender algo que mesmo sabendo, não compreendeu antes
  • Armar um barraco – criar uma confusão
  • Puxar saco – adular alguém
  • Babar ovo – puxar o saco de alguém
  • Amigo da onça – amigo falso, interesseiro
  • Largar de mão – deixar algo para lá, desistir 
  • Com a pulga atrás da orelha – desconfiar de algo ou alguém
  • Tempestade em copo d’água – dar mais importância que o fato ou pessoa merece
  • Ao Deus dará – sem direção, sem saber para onde ir, ou o que fazer
  • Barata tonta – ficar desorientado, sem saber o que fazer
  • Advogado do diabo – defender quem não merece defesa, ou ajudar a esclarecer um ponto
  • Dar a volta por cima – sair por cima, reviravolta, melhorar sua situação
  • Pisar na bola – cometer um erro, um deslize
  • Onde Judas perdeu as botas – local muito distante
  • Encher linguiça – enrolar alguém ou em uma situação
  • Pôr a mão na massa – partir para a ação, trabalhar, executar um plano ou tarefa
  • Deixar na mão – abandonar, não prestar ajuda
  • Morder a língua – se arrepender do que falou, evitar falar algo
  • Enxugar gelo – fazer algo inútil, um trabalho mal feito ou uma tarefa desnecessária
  • Meter os pés pela mãos – agir sem pensar, cometer um erro ou deslize
  • Com o pé na cova – quase morrendo
  • Dormir no ponto – perder uma chance ou uma oportunidade
  • O gato comeu a língua dele – fala-se de uma pessoa muito quieta, calada
  • Enfiar o pé na jaca – se exceder em noitadas, bebidas ou comidas
  • Viajar na maionese – delirar, dizer coisas sem sentido
  • Pendurar as chuteiras  parar de trabalhar, se aposentar, encerrar uma carreira
  • Quebrar o galho – arrumar uma solução temporária
  • Barbeiro – mau motorista
  • Arroz de festa – presença frequente em eventos e festas
  • Com a corda toda – muito empolgado, cheio de disposição, com energia

Prosopopeia: o que é e exemplos

A prosopopeia é bastante comum na língua portuguesa, mas nem sempre quem a usa, sabe do que se trata. Apesar do nome ser bem famoso, essa  figura de linguagem deixa muitas questões no ar.

Vamos explicar o que é a prosopopéia, dar exemplos e esclarecer em definitivo qualquer dúvida que você possa ter sobre esse tema.

O que é prosopopeia?

A prosopopeia é uma figura de linguagem (usada para demonstrar uma linguagem diferente da denotativa, que expressa mais do que sentido literal das palavras) muito usada no nosso dia a dia. Também chamada de personificação, ela empresta características humanas a objetos ou sujeitos inanimados

Exemplos de prosopopeia 

  • A floresta está triste com tantas queimadas. (indicando que o sujeito, mesmo não sendo humano, sente como se fosse.)
  • Meu gato sorriu para mim. (o gato, um animal, só mesmo através da prosopopeia pode sorrir.)
  • O cachorro chora por estar longe da mãe. (cachorros não choram, uivam)

Prosopopeia ou personificação é a mesma coisa?

Como dito anteriormente, sim, prosopopeia ou personificação significam o mesmo. São expressões usadas em relação ao anismo, que é o que faz a animação de personagens de livros ou propagandas se parecerem com seres humanos, com características de pessoas, para dar realce ao tema abordado.

Diferenças entre prosopopeia e metáfora

Apesar de parecerem semelhantes, a prosopopeia e a metáfora, ambas figuras de linguagem, são diferentes entre si. A metáfora é construída de maneira conotativa, dando ideia de comparação, como por exemplo: Aquele cara é um rato. No exemplo vemos o homem que tem a atitude de um rato, se acovardando.

Já na prosopopeia, não há o sentido de comparação, aparece de forma denotativa, passando ideia de que o sujeito, mesmo que irracional ou inanimado, possui pensamentos, sentimentos ou características de seres humanos, como no exemplo.

Aquele móvel velho está chorando, precisa de cuidados. Já nesse exemplo, o móvel, por estar velho e precisando de conserto, estaria sentindo o peso da idade e chorando para ser reformado, como uma pessoa o faria.

Prosopopeia nas frases

Com a finalidade de dar ênfase no que diz respeito ao sujeito, emprestamos características humanas a ele. Como na frase

O sol acordou mais feliz hoje. (Sendo o sol uma estrela, nem acorda nem fica feliz, e essas palavras com características humanas, denotam que ele parece estar mais brilhante.)

Ou nessa outra frase: A lua beijou o mar. (A lua adquiriu uma personificação, beijando o mar, que também não pode ser beijado.)

Prosopopeia na literatura 

A prosopopeia é comumente usada em fábulas, que geralmente contam histórias com animais e seres inanimados como personagens, e fazem com que eles possuam características e comportamento humano, com a finalidade de dar um exemplo, uma lição, e para reforçar a ideia de faz de conta.

Como por exemplo a fábula de La Fontaine, em que o ratinho sente pena do leão que foi pego por caçadores, e para salvá-lo rói as cordas que o mantinham cativo.

Ou nos quadrinhos em que o Garfield, um gato amarelo e preguiçoso, de acordo com o escritor, tem sentimentos e vontades humanas, como raiva, tédio e vontade de comer lasanha.

Mas o mais famoso mesmo em terras brasileiras é Monteiro Lobato, que para narrar a história de um sítio encantado, criou personagens com características de pessoas, como a boneca Emília, a espiga de milho chamada Visconde de sabugosa, entre outros.

Uso da prosopopeia nas cantigas 

Assim como nas histórias, muitos compositores se fazem valer da licença poética e usam a prosopopeia para engrandecer seus personagens com sentimentos e personalidades humanas.

Com isso muitos autores de cantigas utilizam o personismo para enfatizar suas ideias, como na música criada para o personagem Emília, de Monteiro Lobato.

Emília

Baby do Brasil

De uma caixa de costura
Pano, linha e agulha
Nasceu uma menina valente
Emília, a Boneca-Gente

Nos primeiros momentos de vida
Era toda desengonçada
Ficar em pé não podia, caía
Não conseguia nada

Emília, Emília, Emília
Emília, Emília, Emília

Mas a partir do momento
Que aprendeu a andar
Emília tomou uma pílula
E tagarelou, tagarelou a falar
Tagarelou, tagarelou a falar

Ela é feita de pano
Mas pensa como um ser humano
Esperta e atrevida
É uma maravilha
Emília, Emília

Emília, Emília, Emília
Emília, Emília, Emília

Para história, ela tem um plano
Inventa mil ideias, não entra pelo cano
Ah, essa boneca é uma maravilha!

Monteiro Lobato

De acordo com a letra, a caixa de costura, pano, linha e agulha deram vida a uma boneca, que não só nasceu, mas também aprendeu a andar, falar e pensar, e se tornou uma pessoa.

Como é possível ver em todos os exemplos citados acima, a prosopopeia ou o personismo, têm como função exaltar sentimentos, atos e gestos de pessoas, e são empregados em diversas formas de arte, mas também usados frequentemente no nosso dia a dia.

Paradoxo: conceitos, tipos e exemplos

Paradoxo ou oxímoro, como também é conhecido, consiste em uma figura de pensamento definida pela expressão de uma idealização contraditória. Normalmente, ele apresenta uma expressão que, à primeira vista, pode soar incoerente, porém, é uma construção lógica. 

Para que você entenda melhor, neste artigo, vamos falar sobre o conceito e os tipos de paradoxo de forma detalhada. Acompanhe!

O que é Paradoxo?

Do latim “paradoxum”, o termo paradoxo é constituído pelo prefixo “para-”, que significa oposto ou contrário, e pelo sufixo “-doxa”, que quer dizer “opinião contrária”. Essa figura de linguagem trata-se da expressão de uma ideia na qual há oposição, ou seja, algo contrastante. 

No entanto, além de uma aparente incoerência, ela também deve apresentar componentes que se contradizem entre si. Em outras palavras, para um paradoxo, não basta apenas conter a oposição na ideia, também deve haver elementos contraditórios. 

A característica do contraditório, porém, não anula o enunciado, muito pelo contrário, é ela quem oferece a ele a possibilidade de variar os sentidos, ou seja, obter uma significação além do sentido literal.

Trata-se, portanto, de uma forma de expressão que exige que o receptor tenha um maior conhecimento tanto linguístico, como de mundo para conseguir compreender a ideia.

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Empréstimos linguísticos – conceito e exemplos

Empréstimos linguísticos ocorrem quando palavras de outras línguas se incorporam ao léxico de outra determinada língua. Neste artigo, vamos falar mais sobre esse conceito e trazer exemplos. Vejamos!

As línguas são dinâmicas. Uma palavra não tem dono e pode ser incorporada livremente a qualquer idioma. No Brasil, apagar já virou deletar, impressão virou print, união agora é link e trabalho remoto, home office.

A lista de palavras que transitam entre diferentes culturas e falantes de países distintos e são incorporadas aos vocabulários “hospedeiros” é cada vez maior no mundo globalizado. Mas vale lembrar que esse fenômeno – chamado de “empréstimo linguístico” – não é recente nem fruto apenas da influência do inglês.

Há muitos exemplos de palavras de origem árabe, latina e indígena que usamos frequentemente como se tivessem nascido em solo brasileiro. Desde as grandes navegações é assim: começamos a receber empréstimos de línguas asiáticas, africanas, indígenas e europeias.

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Paralelismo semântico x Paralelismo sintático – qual a diferença?

Qual a diferença entre o paralelismo semântico e o paralelismo sintático? Neste artigo, vamos mostrar as características de cada um. Vamos lá!

Se nossa missão como emissor de uma mensagem é fazer com que ela seja compreendida pelo receptor, é preciso muito cuidado no jeito de escrever. É preciso garantir que a mensagem faça sentido, que seu conteúdo chegue ao outro de modo coerente e coeso. É preciso, no fundo, que o encadeamento de suas orações respeite a regra do paralelismo.

Até porque poucas coisas são mais chatas para o leitor do que perder o fio da meada de um texto cuja forma como as orações/ideias foram apresentadas tornou o conteúdo incompreensível. Textos caóticos ou, pelo menos, desleixados com o encadeamento de suas ideias desestimulam o leitor a continuar.

O paralelismo desativa essa armadilha ao organizar a estrutura discursiva. Ele ensina que, para transformar as ideias em uma mensagem clara e objetiva, é preciso apostar na organização por meio de escolha gramatical, pontuação, concordância, coerência e coesão.

Em geral, há duas formas de encarar essa organização: pelo paralelismo sintático e pelo semântico. Esses dois aspectos textuais ressaltam o que há de semelhante entre palavras e expressões dentro de um parágrafo.

Ambas as formas de paralelismo se caracterizam pelas suas relações de similaridade, mas a sintática busca o que há de semelhança entre frases ou orações, ou entre classes gramaticais, e a semântica atenta para a correspondência de sentido entre os termos.

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Estrofe – conceito e classificações

Estrofe, também chamada de estança ou estância, é cada um dos conjuntos de versos em que se divide um poema. Os versos, por sua vez, consistem em cada linha desse gênero textual.

Tanto o verso quanto a estrofe são elementos obrigatórios do poema, diferentemente da rima, elemento estético que pode ou não aparecer.

Verso x estrofe

Para compreender bem a distinção entre verso e estrofe, tome como exemplo o poema abaixo, de Mario Quintana. 

Canção de outono

Mario Quintana

(1ª estrofe)

O outono toca realejo

No pátio da minha vida.

Velha canção, sempre a mesma,

Sob a vidraça descida…

(2ª estrofe)

Tristeza? Encanto? Desejo?

Como é possível sabê-lo?

Um gozo incerto e dorido

De carícia a contrapelo…

(3ª estrofe)

Partir, ó alma, que dizes?

Colher as horas, em suma…

Mas os caminhos do Outono

Vão dar em parte nenhuma!

Acompanhe a análise:

– Cada linha desse texto é um verso, portanto o poema apresenta ao todo 12 versos;

– Agora, perceba como o texto está dividido em três partes iguais. São essas partes que chamamos de estrofe, logo o poema apresenta 3 estrofes ao todo;

– Como cada estrofe contém 4 versos, elas são classificadas como quartetos ou quadras

Conheça todas as classificações das estrofes a seguir.

Classificação das estrofes

As estrofes podem apresentar dois tipos de classificações: classificação de acordo com a medida do verso e classificação de acordo com o número de versos agrupados em cada estrofe. Veja:

  1. Classificação de acordo com a medida do verso:
  1. Estrofes simples: quando o poema é composto de versos que possuem a mesma medida (monossílabo, dissílabo, trissílabo, tetrassílabo etc.). 
  2. Estrofes compostas: quando o poema agrupa versos de medidas diferentes.
  3. Estrofes livres: quando o poema agrupa versos sem nenhum rigor métrico.
  1. Classificação de acordo com o número de versos em cada estrofe:

O número de versos agrupados em cada estrofe de um poema pode variar. Dessa forma, temos a seguinte classificação das estrofes quanto ao número de versos:

1 verso: monóstico;

2 versos: dístico ou parelha;

3 versos: terceto ou trístico;

4 versos: quarteto ou quadra;

5 versos: quintilha, quinteto ou pentástico;

6 versos: sexteto, sextilha ou hexástico;

7 versos: sétima, septilha, septena, hepteto ou heptástico;

8 versos: oitava ou octástico;

9 versos: nona;

10 versos: décima ou década;

Mais de 10 versos: estrofe irregular ou bárbara.

O soneto italiano

Uma das estruturas mais famosas de poema é a do soneto italiano, um tipo de poema de forma fixa.

A estrutura do soneto italiano é constituída por catorze versos, sendo que eles se dividem em quatro estrofes, das quais duas delas são quartetos e duas são tercetos. Observe o exemplo:

Amar!

Florbela Espanca

Eu quero amar, amar perdidamente!

Amar só por amar: Aqui… além…

Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente

Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!…

Prender ou desprender? É mal? É bem?

Quem disser que se pode amar alguém

Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:

É preciso cantá-la assim florida, 

Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! 

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada 

Que seja a minha noite uma alvorada, 

Que me saiba perder… pra me encontrar… 

Análise:

O soneto de Florbela Espanca apresenta:

14 versos;

4 estrofes: sendo dois quartetos (as duas primeiras estrofes) e dois tercetos (as duas últimas estrofes); 

estrofes simples: todos os versos são decassílabos, ou seja, apresentam 10 sílabas métricas cada um.

*

Gostou do artigo? Então, continue seus estudos com o nosso Guia da Literatura.

Classificação das rimas – tipos, característica e exemplos

Na literatura, muitos poemas contam com um recurso estilístico e fonético denominado rima. A rima é a igualdade ou semelhança de sons vocais ou consonantais no fim ou no meio das palavras e ocorre a partir da sua última vogal tônica.

Apesar de não ser um elemento obrigatório nos versos, a rima é muito utilizada pelos poetas por ser um recurso sonoro agradável aos ouvidos. Mas para que esse objetivo seja atingido, os grandes poetas, normalmente, seguem algumas estratégias de aplicação.

Dessa forma, de acordo com a posição, a sonoridade e ao valor da rima, ela terá um tipo de classificação. Confira todas a seguir.

Neste artigo, vamos falar sobre:

  1. Classificação da rima quanto à posição no verso
  2. Classificação da rima quanto à posição na estrofe
  3. Classificação da rima quanto à fonética
  4. Classificação da rima quanto ao acento tônico
  5. Classificação da rima quanto ao valor
  6. Resumo de todas as classificações

1) Classificação da rima quanto à posição no verso

De acordo com a posição da rima no verso, ela pode ser:

  1. final: quando a última palavra de um verso rima com a última palavra de um verso posterior.
  2. interna: quando a última palavra de um verso rima com uma palavra no interior do verso seguinte. 

Em Aventura Meridiana, de António Feliciano de Castilho, podemos observar a presença desses dois tipos de rima:

“Era na estiva quadra! Intenso meio-dia 

Pedia um respirar

No meio do meu peito 

Me deito a descansar

Janela entreaberta, esquiva ao sol fogoso

Repouso ali mantém

Luz como a de espessura 

Escura ao quarto vem”.

Em cada uma das estrofes acima, as rimas se posicionam assim:

– o final do 1º verso rima com a 2ª sílaba do 2° verso (dia-pedia / fogoso-repouso). Ou seja, a rima é interna.

– o final do 2° verso rima com o final do 4° verso (respirar-descansar / mantém-vem). Ou seja, a rima é final;

– o final do 3° verso rima com a 2ª sílaba do 4° verso (peito-deito / espessura-escura). Nessa caso, a rima também é interna.

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“Grande maioria” é pleonasmo vicioso?

A expressão “grande maioria” não é considerada um pleonasmo vicioso. Neste artigo, vamos explicar por que o uso dessa construção é totalmente legítimo na língua portuguesa. Vejamos!

Toda maioria é grande?

A palavra maioria é um substantivo feminino que indica a maior parte de um grupo. Um ponto importante a se observar é que existe uma gradação no tamanho de uma maioria.

Para entender melhor essa situação, vamos imaginar uma eleição com dois candidatos. No primeiro cenário, o eleito conquistou 51% dos votos e o perdedor ficou com os outros 49%.

Perceba que estamos diante de uma diferença de apenas dois pontos percentuais. Isso significa que o vencedor recebeu o apoio de uma pequena maioria.

Agora vamos supor que, nesse mesmo pleito, o candidato eleito recebesse 95% dos votos, contra apenas 5% do opositor. Aqui podemos afirmar, sem medo, que o vencedor teria conquistado uma grande maioria.

Percebeu como o uso do adjetivo “grande” não é redundante. Ele acrescenta uma informação importante ao substantivo “maioria”, que nos permite captar detalhes da situação descrita.

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Estilística – definição e campos de estudo

Estilística é a parte da linguística que estuda o aspecto estético e emocional da linguagem, ou seja, trata do uso criativo da língua. Seu uso é muito comum nas conversas do dia a dia e nos textos literários, contextos que costumam ser mais informais, sem compromisso estrito com a norma culta.

O jogo de palavras praticado pela estilística atém-se fortemente ao uso da linguagem conotativa e das figuras de linguagem, mas não só isso. Ela consegue passear por todos os campos da linguagem, como veremos a seguir.

Estilística semântica

A estilística semântica explora os diversos sentidos que as palavras podem ter. Os principais recursos utilizados dentro desse campo são:

– linguagem conotativa (figurada)

– sinônimos e antônimos

– polissemia

– ambiguidade

– intertextualidade

E as figuras de palavras (ou semânticas):

– metáfora

– comparação

– metonímia

– catacrese

– perífrase (antonomásia)

– sinestesia

Além das figuras de pensamento:

– antítese

– paradoxo (oxímoro)

– hipérbole

– gradação

– eufemismo

– ironia

– prosopopeia (personificação)

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Semântica – definição e campos de estudo

Semântica é um ramo da linguística que trata da significação das palavras, as quais podem estar isoladas ou contextualizadas.

Quando estão isoladas, as palavras apresentam um significado primário, aquele que encontramos no dicionário. Por outro lado, a depender do contexto em que estão inseridas, as palavras podem apresentar vários sentidos secundários.

Ao escutarmos a palavra gato, por exemplo, logo nos vêm à cabeça um animal doméstico da família dos felídeos. Mas se falamos que um certo homem é um gato ou que alguém fez um gato, essa palavra passa a apresentar sentidos secundários, tais como bonito e ligação elétrica irregular, respectivamente.

Dessa forma, de acordo com a significação, as palavras podem apresentar distintas classificações. Vejamos todas a seguir.

Denotação

Denotação trata do significado primário da palavra. Isto é, uma palavra em seu sentido denotativo deve ser interpretada de forma literal.

– Ganhei um cachorro lindo dos meus pais. (cachorro = animal)

– A massa do bolo ficou muito mole. (mole = flácida)

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