Se nenhuma criança é igual a outra, por que esperar delas o mesmo desempenho na fase de alfabetização e letramento? É preciso parar para avaliar individualmente essa trajetória, mas isso não é tão simples como parece. Afinal, ter um momento específico de teste com uma criança nessa idade, cujos avanços cognitivos são mais evidenciados no dia a dia, é um imenso desafio.
É preciso lembrar que a criança ainda está numa fase muito lúdica da educação. Mesmo assim, é muito importante acompanhar seu desenvolvimento e buscar formas de avaliação que façam sentido para este momento.
Quando falamos em avaliar, queremos dizer refletir, provocar questionamentos, dialogar, perguntar e ouvir também sobre seu próprio desempenho como educador.
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TogglePor que avaliar?
Avaliação não é provinha que se resume a algumas perguntas e respostas para punir ou premiar alguém por seu aproveitamento (chamada de avaliação somativa). O aprendizado é muito mais do que isso, e a avaliação pode e deve lançar mão de diversas técnicas, linguagens e metodologias.
Baseado nisso, vale pensar a avaliação com um caráter mais formativo, que localiza as dificuldades e deficiências ao longo do processo. É bom ter um diagnóstico nos inícios de ciclos, para guiar a elaboração do programa, mas é por meio de um processo de avaliação formativa que se torna possível repensar estratégias pedagógicas, promover diferentes oportunidades e experiências educativas aos alunos, envolver e focar no processo de ensino e aprendizagem.
Veja bem: a avaliação é de responsabilidade de toda a equipe escolar e, portanto, compartilhar as ideias é essencial.
Uma boa avaliação não deixa nenhum aluno para trás. Muitos acabam se perdendo em dificuldades e por isso é tão necessário avaliar seu desenvolvimento.
Como fazer isso?
Por observações diárias dos alunos, entendendo como anda o seu desenvolvimento.
E nisso a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) ajuda mostrando quais elementos compõem a avaliação, como: a observação e registro diário do aluno; sondagens diagnósticas; elaboração de portfólio, fotos e gravações; relatório descritivo; compartilhamento de conhecimento
A elaboração do relatório é muito importante para gravar a história do aluno. Assim, outro professor que tiver contato com ele poderá saber como foi seu desenvolvimento.
Entre os elementos que precisam ser questionados e registrados periodicamente estão:
· O aluno tem autonomia?
· Quais são as características do aluno?
· Como o aluno se relaciona com colegas e professores?
· Quais foram os avanços do aluno?
· Como o aluno reage a conquistas e fracassos?
· Como é a participação do aluno nas atividades?
Em relação às características do aluno, vale descobrir o seu contexto familiar, por exemplo, para saber se ele recebe incentivo ou se tem problemas com os pais, se é incentivado a ler ou não etc.
O que dizem as leis?
O processo de avaliação de alfabetização tem amparo legal. Uma das leis é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que estabelece no seu artigo 31:
“A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
I – avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental;
II – expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança.”
Os artigos 10 e 11 da lei de diretrizes curriculares nacionais para a Educação também obriga as instituições de ensino a criar procedimentos de acompanhamento do trabalho pedagógico, garantindo a observação crítica e criativa das atividades, brincadeiras e interações e a utilização de múltiplos registros, como os relatórios de fotos e desenhos, entre outras questões. O objetivo é desenvolver o aluno como um todo, sem foco no conteúdo ou na promoção para o Ensino Fundamental.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), por sua vez, enfatiza a observação, registro e avaliação formativa como meios de avaliar de modo sistemático e contínuo a Educação Infantil.
Os instrumentos de avaliação da alfabetização datam de 1990, quando o antigo Ministério da Educação e Cultura (MEC) criou um sistema para medir a qualidade da alfabetização das crianças no Brasil conhecida como Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA).
Esse instrumento foi extinto em 2018. A partir de então, as avaliações a respeito da alfabetização e letramento no Brasil são feitas a cada dois anos, por meio de testes do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).
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