Conceição Evaristo é uma escritora brasileira, doutora em Literatura Comparada e ex-professora da rede pública fluminense.

Romancista, poeta e contista, venceu o Prêmio Jabuti 2015 e foi homenageada como Personalidade Literária do Ano pelo Prêmio Jabuti 2019.

Negra e de origem pobre, a autora é um grande expoente da literatura contemporânea. Seus textos trazem a experiência de opressão e marginalidade, com forte valorização da memória ancestral.

Vida pessoal e profissional

Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu no dia 29 de novembro de 1946, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. 

Segunda de nove filhos, sua infância e adolescência foram marcadas pela miséria, na extinta favela do Pindura Saia, na região centro-sul da capital mineira.

Conceição trabalhou como faxineira e babá durante os estudos secundários, almejando a carreira de professora. Entretanto, quando concluiu o ensino médio, não conseguiu emprego em Belo Horizonte.

Naquela época, não existiam concursos para professores em Minas Gerais, somente indicações. Por esse motivo, em 1973, foi morar no Rio de Janeiro, onde se formou em Letras pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ela seguiu carreira no magistério e deu aulas na rede pública fluminense até sua aposentadoria, em 2006.

Na literatura, estreou em 1990, quando seis poemas de sua autoria foram incorporados ao volume 13 da coletânea Cadernos Negros (publicação literária periódica iniciada em 1978, a fim de veicular a escrita e a cultura afro-brasileira nas formas de poesia e prosa).

Em 1996, enquanto conciliava a carreira docente, a produção de estudos teóricos e os trabalhos literários, Conceição Evaristo se tornou mestra em Literatura Brasileira pela PUC-Rio, com a dissertação Literatura negra: uma poética de nossa afrobrasilidade.  

Em 2011, conquistou o título doutora em Literatura Comparada, na UFF (Universidade Federal Fluminense, ao defender a tese Poemas malungos, cânticos irmãos, em que analisou a poesia do angolano Agostinho Neto e dos afro-brasileiros Edimilson de Almeida Pereira e Nei Lopes.

Autora de romances, contos e poemas, traduzidos para o francês e o inglês, além de possuir uma vasta obra teórica, Conceição Evaristo venceu o prêmio Jabuti em 2015 e, em 2018, foi contemplada com o Prêmio de Literatura do Governo de Minas Gerais, sendo considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes da contemporaneidade.

A literatura de Conceição Evaristo

A literatura de Maria da Conceição Evaristo de Brito é marcada pela utilização da metalinguagem e pela junção de vocábulos, gerando novas palavras e, consequentemente, novos significados.

Sua invenção com as palavras está ligada à ancestralidade, raiz que combina o passado com a projeção sobre o futuro, formando novos significados que, além do lexical, transcendem o texto.

Embora as temáticas poéticas e ficcionais da autora sejam diversificadas, são conduzidas sobretudo pelo eu-lírico e personagens de mulheres negras.

A escritora cunhou o termo “escrevivências”, que mistura fato e invenção, para dar nome ao seu processo narrativo. Basicamente, “escreviver” significa contar uma história bom base em uma vivência pessoal, mirando a coletividade.

De acordo com Conceição, “o sujeito da literatura negra tem a sua existência marcada por sua relação e por sua cumplicidade com outros sujeitos. Temos um sujeito que, ao falar de si, fala dos outros e, ao falar dos outros, fala de si”.

As principais obras de Conceição Evaristo

Além de incontáveis artigos acadêmicos, a autoria publicou, até o momento, as seguintes obras literárias:

  • Ponciá Vicêncio (2003);
  • Becos da memória (2006);
  • Poemas de recordação e outros movimentos (2008);
  • Insubmissas lágrimas de mulheres (2011);
  • Olhos d’água (2014);
  • Histórias de leves enganos e parecenças (2016);
  • Canção para ninar menino grande (2018).

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