Coordenação motora fina e alfabetização – entenda a relação

Massinha, costura e bordados, colagens com letrinhas de macarrão, grãos, miçangas. O que tudo isso tem em comum? São todas atividades interessantes capazes de ajudar a desenvolver a coordenação motora fina, sem a necessidade de realizar exercícios maçantes e repetitivos que deixam as crianças cansadas.

E, sabe-se, a coordenação motora fina, que é a capacidade de coordenar movimentos decorrente da integração entre cérebro, músculos e articulações, é uma habilidade fundamental para o processo de alfabetização.

Ao lado da evolução cognitiva, o desenvolvimento motor vai além de aprender a agarrar objetos ou de seguir desenhos pontilhados. Essa motricidade deve começar a crescer ainda nas séries iniciais – na verdade, ela começa nos primeiros passinhos, sob a forma de coordenação motora ampla, ligada a atividades relacionadas ao impulso físico, como quando a criança ainda rasteja no chão, ou quando pula e dança.

Já a coordenação motora fina é a capacidade de usar com precisão os músculos menores, localizados principalmente nas mãos e nos pés, para realizar movimentos delicados e específicos. É por meio dela que a criança se torna capaz de manusear objetos e de realizar atividades como recortar, costurar, desenhar, pintar e, claro, escrever.

Manusear o lápis

Manipular de forma correta um lápis não é algo nato. Precisa ser aprendido, e essa é a tarefa número um do processo de alfabetização infantil. Se a coordenação motora fina for bem-sucedida, será mais fácil passar, em breve, escrever com o lápis.

Exercitar as mãos de modo coordenado, portanto, é imperativo. Isso deve ser feito de modo criativo e criterioso.

É preciso atentar para os detalhes desse processo. Ensinar desde cedo a pegar corretamente no lápis, por exemplo, é muito importante. Pensando nisso, até o tamanho do objeto faz diferença e evita problemas ergonômicos e de caligrafia.

É fato que a criança que segura o lápis errado costuma se cansar mais ao resolver as tarefas – tentar usar um toquinho de lápis pode exigir um esforço muscular muito maior do aluno. Por outro lado, um lápis muito longo pode tornar a escrita instável e difícil.

O educador deve demonstrar qual é a pressão adequada a ser exercida sobre o lápis e, se necessário, auxiliar a criança a posicionar o lápis no ponto inicial do traçado e parar no ponto final da linha – aí está um dos exercícios mais comuns nas escola: o de descrever traçados dentro de uma trilha pontilhada, mantendo uma só orientação da folha.

Competências fundamentais

A partir daí, vale incentivar um conjunto de prática como recortar, pintar, desenhar, apertar e bater palmas de modo ritmado, colocando em prática competências fundamentais para o desenvolvimento cognitivo da criança, entre elas a atenção, a manutenção da atenção, a sequência, a memória e a imitação.

E os estudos mostram a importância da atividade motora em lugar do uso indiscriminado de tecnologias, pelo menos nessa fase da primeira infância. Várias pesquisas provam que a criança em fase de alfabetização que é exposta ao uso de lápis ou giz de cera apresenta muito mais ativação neurológica, se comparada a outra que utiliza um tablet. Isso revela como o movimento das mãos (mais incentivado pelo uso do lápis) determina o estímulo a competências mais efetivas.

A seguir, você pode ver quais são as tarefas que mais auxiliam a coordenação motora fina:

– Massinha: a criança pode manuseá-la, apertar, fazer bolinhas, em movimentos de sobe e desce com os dedinhos. Esse exercício lúdico trabalha a força das mãos, mas precisa de supervisão, para que os pequenos não levem o material à boca.

– Papel: ao amassar papel e fazer bolas, a criança movimenta as mãos e vai se aperfeiçoando no manuseio de objetos e no próprio controle das mãos. Ela pode ainda rasgar papel, realizando movimentos simultâneos e alternados.

– Fios e barbantes: pegar e usar algum objeto de modo criativo também ajuda a desenvolver a coordenação motora fina. A criança pode fazer colares, pulseiras e outros itens de decoração.

– Pintura: os desenhos com a mão, pincéis ou esponjas também otimizam a coordenação motora dos pequenos.

– Dobraduras: outra forma de exercitar as mãos que eleva a habilidade de manipular objetos de uma forma bem mais precisa.

É bom ressaltar que o ambiente doméstico pode ajudar muito a desenvolver as crianças, mas, seja como for, o papel de pedagogos e educadores é fundamental para estimular o contato seguro com objetos e desenvolver a coordenação motora fina das crianças.

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