A economia linguística é um fenômeno que consiste na eliminação ou na redução de certos termos da língua. O objetivo desse recurso é simplificar a comunicação e torná-la mais eficiente.

Neste artigo, vamos ver dois processos que nascem desse fenômeno: a composição por aglutinação e a abreviação.

Conceito

Antes de seguirmos, vamos detalhar melhor o conceito de economia linguística:

Economia linguística é um termo que recobre uma gama de processos que se caracterizam por representar mecanismos de mudança que tentam reagir positivamente a dois impulsos: (a) poupar a memória, o processamento mental e a realização física da língua, eliminando os aspectos redundantes e as articulações mais exigentes; (b) preencher lacunas na gramática da língua, de modo a torná-la mais eficiente como instrumento de interação sociocomunicativa.

Marcos bagno em a Gramática Pedagógica do Português Brasileiro

Dito de outra forma, esse princípio consiste no ato de os falantes escolherem, em geral, as palavras e frases mais curtas para expressar uma ideia. Ele é caracterizado pela busca da máxima eficiência: mais informação no mínimo de palavras.

Agora, vamos entender melhor como esse fenômeno se manifesta na prática.

Composição por aglutinação

A composição por aglutinação ocorre quando dois elementos se unem em uma só palavra para dar origem a um novo termo. Vejamos alguns exemplos:

  • Pernalta: perna + alta;
  • Planalto: plano + alto;
  • Vinagre: vinho + acre;
  • Aguardente: água + ardente;
  • Pontiagudo: ponta + aguda.

É interessante notar que esse processo de aglutinação também ocorre nas situações do cotidiano. Um exemplo são as expressões “vambora” ou “simbora”, que são formadas pela união dos termos “vamos” e “embora”.

Abreviação

A abreviação, também conhecida como redução, consiste em um corte em palavras muito longas, para dar origem a termos mais curtos e rápidos de se pronunciar ou de se escrever. Vejamos alguns exemplos:

Moto – motocicleta;

Foto – fotografia;

Pneu – pneumático;

Quilo – quilograma;

Metro – metropolitano.

Na linguagem popular, também é possível identificar casos de abreviação ou de redução. Um exemplo são os termos “parça”(parceiro), “Floripa” (Florianópolis), “japa” (japonês), “comuna” (comunista), “cê”(você), entre outros.

Abreviação x Abreviatura

Apesar de serem palavras muito semelhantes, abreviação e abreviatura são conceitos distintos.

A abreviação, como visto, é um processo ligado à economia linguística. Ele consiste na redução de uma palavra até o limite em que não haja prejuízo de entendimento. O processo de abreviação dá origem a uma nova palavra, menor do que a original.

ex: pornô (pornografia) e otorrino (otorrinolaringologista).

abreviatura é a representação de uma palavra por parte de suas sílabas ou letras.

ex: núm. (número), apt. (apartamente), ex. (exemplo), adj. (adjetivo), Ltda (limitada).

Vale destacar que, em regra, as abreviaturas terminam em consoante, enquanto as abreviações terminam em vogais.

Derivação imprópria

Um outro processo de formação de palavras que é influenciado pelo princípio da economia linguística é a derivação imprópria – mais especificamente no caso de substituição de um advérbio por adjetivo. Vejamos um exemplo:

ex: Independente do que aconteça, você deve estar preparado.

Perceba que o adjetivo “independente” faz as vezes do advérbio “independentemente”. Como este termo é mais longo do que aquele, os falantes tendem a optar pelo primeiro.

No vídeo abaixo, falamos mais sobre esse tema:

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