Há erros que são recorrentes no dia a dia de muitas pessoas. Quem nunca ficou em dúvida sobre usar o verbo haver no singular ou no plural ou trocou “mim” por “eu” em algum momento da vida, que jogue a primeira pedra! Por isso, neste artigo, vamos listar as sete escorregadas mais comuns que as pessoas cometem. Confira!
Tópicos deste artigo
ToggleErro 1: Perdi meu óculos
Como explica Domingos Paschoal Cegalla, em seu Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa (p.298), “com referência ao aparelho de correção visual ou de proteção contra a luz solar, deve-se usar a palavra no plural bem como o artigo ou o pronome que a ela se referem”.
Nesse sentido, a forma correta de escrever e dizer a frase é:
- Perdi meus óculos (tudo no plural).
Erro 2: É meio-dia e meio
Mais uma vez, vamos recorrer ao livro do professor Cegalla (p.264). O gramático explica que, nesta expressão, “subentende-se a palavra hora: meio-dia e meia (hora)”. Por isso, a frase correta é:
- É meio-dia e meia.
Vale acrescentar que, segundo o Acordo Ortográfico em vigência, a palavra “meio”, quando faz parte de substantivo composto, deve ser obrigatoriamente seguida por hífen. Assim, escreva sempre meio-dia, e não meio dia.
Erro 3: Haviam muitas pessoas
Segundo Celso Cunha e Lindley Cintra, em sua Nova Gramática do Português Contemporâneo (p.458), o verbo haver, “na acepção de ‘existir'”, é impessoal. Por essa razão, ele deve sempre ficar na 3ª pessoa do singular.
Nesse contexto, a forma correta de escrever a frase é:
- Havia muitas pessoas.
Ademais, essa oração não tem sujeito e “muitas pessoas” exerce a função de objeto direto.
Erro 4: É para mim falar
Para explicar esse erro, vamos recorrer ao professor Evanildo Bechara que, em sua Moderna Gramática Portuguesa (p.173), explica que, em regra, “o pronome pessoal reto funciona como sujeito e predicativo, enquanto o oblíquo como complemento”.
Se você ficou confuso com essas classificações de pronomes, veja o quadro abaixo para lembrar a diferença entre pronomes pessoais do caso reto e do caso oblíquo:
Pronomes pessoais do caso reto | Pronomes pessoais do caso oblíquo | |
Átonos | Tônicos | |
Eu | me | mim, comigo |
Tu | te | ti, contigo |
Ele | o, a, se, lhe | ele, si |
Nós | nos | nós, conosco |
Vós | vos | vós, convosco |
Eles | os, as, se, lhes | eles, si |
Nesse contexto, como “mim” é um pronome oblíquo tônico, ele só pode funcionar como complemento, nunca como sujeito. Por isso, para corrigir a frase, é preciso trocá-lo por um pronome pessoal do caso reto (“eu”), que pode exercer a função de sujeito do verbo “falar”:
- Para eu falar.
Erro 5: Fazem muitos anos
Voltamos agora às lições de Celso Cunha e Lindley Cintra, que explicam que o verbo “fazer” quando indica tempo decorrido é impessoal. Dessa forma, ele deve ser empregado sempre na 3ª pessoa do singular.
Assim, a forma correta de escrever a frase é:
- Faz muitos anos. (no singular)
Erro 6: Ela está meia cansada
Para solucionar esse erro, mais uma vez vamos aos ensinamentos do professor Cegalla (p. 264). Ele explica que vocábulo meio, “usado como advérbio, significa ‘um pouco’ e permance invariável”.
Dessa forma, na frase em análise, o termo não pode ser flexionado para o feminino. Assim, a escrita correta é:
- Ela está meio cansada.
Erro 7: Houve uma briga entre eu e você
Como ensina Amini Boainaim Hauy, em sua Gramática da Língua Portuguesa Padrão (p.662), “os pronomes retos eu e tu precedidos de qualquer preposição essencial, assumem as formas mim e ti, desde que não funcionem como sujeito”.
Na frase acima, “entre” é uma preposição essencial. Logo, a forma mais adequada seria:
- Houve uma briga entre mim e você.
Vale dizer que, como mostra o professor Evanildo Bechara, “já há concessões de alguns gramáticos quando o pronome eu ou tu vem em segundo lugar: Entre ele e eu”.
Referências
- Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, Domingos Paschoal Cegalla, páginas 264 e 298;
- Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e Lindley Cintra, página 458;
- Moderna Gramática Portuguesa, Evanildo Bechara, página 173
- Gramática da Língua Portuguesa Padrão, Amini Boainaim Hauy, página 662.