Estrofe, também chamada de estança ou estância, é cada um dos conjuntos de versos em que se divide um poema. Os versos, por sua vez, consistem em cada linha desse gênero textual.
Tanto o verso quanto a estrofe são elementos obrigatórios do poema, diferentemente da rima, elemento estético que pode ou não aparecer.
Verso x estrofe
Para compreender bem a distinção entre verso e estrofe, tome como exemplo o poema abaixo, de Mario Quintana.
Canção de outono
Mario Quintana
(1ª estrofe)
O outono toca realejo
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sob a vidraça descida…
(2ª estrofe)
Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dorido
De carícia a contrapelo…
(3ª estrofe)
Partir, ó alma, que dizes?
Colher as horas, em suma…
Mas os caminhos do Outono
Vão dar em parte nenhuma!
Acompanhe a análise:
– Cada linha desse texto é um verso, portanto o poema apresenta ao todo 12 versos;
– Agora, perceba como o texto está dividido em três partes iguais. São essas partes que chamamos de estrofe, logo o poema apresenta 3 estrofes ao todo;
– Como cada estrofe contém 4 versos, elas são classificadas como quartetos ou quadras.
Conheça todas as classificações das estrofes a seguir.
Classificação das estrofes
As estrofes podem apresentar dois tipos de classificações: classificação de acordo com a medida do verso e classificação de acordo com o número de versos agrupados em cada estrofe. Veja:
- Classificação de acordo com a medida do verso:
- Estrofes simples: quando o poema é composto de versos que possuem a mesma medida (monossílabo, dissílabo, trissílabo, tetrassílabo etc.).
- Estrofes compostas: quando o poema agrupa versos de medidas diferentes.
- Estrofes livres: quando o poema agrupa versos sem nenhum rigor métrico.
- Classificação de acordo com o número de versos em cada estrofe:
O número de versos agrupados em cada estrofe de um poema pode variar. Dessa forma, temos a seguinte classificação das estrofes quanto ao número de versos:
– 1 verso: monóstico;
– 2 versos: dístico ou parelha;
– 3 versos: terceto ou trístico;
– 4 versos: quarteto ou quadra;
– 5 versos: quintilha, quinteto ou pentástico;
– 6 versos: sexteto, sextilha ou hexástico;
– 7 versos: sétima, septilha, septena, hepteto ou heptástico;
– 8 versos: oitava ou octástico;
– 9 versos: nona;
– 10 versos: décima ou década;
– Mais de 10 versos: estrofe irregular ou bárbara.
O soneto italiano
Uma das estruturas mais famosas de poema é a do soneto italiano, um tipo de poema de forma fixa.
A estrutura do soneto italiano é constituída por catorze versos, sendo que eles se dividem em quatro estrofes, das quais duas delas são quartetos e duas são tercetos. Observe o exemplo:
Amar!
Florbela Espanca
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui… além…
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!…
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…
Análise:
O soneto de Florbela Espanca apresenta:
– 14 versos;
– 4 estrofes: sendo dois quartetos (as duas primeiras estrofes) e dois tercetos (as duas últimas estrofes);
– estrofes simples: todos os versos são decassílabos, ou seja, apresentam 10 sílabas métricas cada um.
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