Os verbos dizer e falar, apesar de parecidos, não são sinônimos perfeitos e apresentam uma diferença de significados entre eles. Neste artigo, vamos mostrar como e quando utilizar cada um! Vejamos!
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ToggleAnálise do verbo falar
O verbo “falar” é multifacetado, isto é, apresenta vários significados e também de regências. Pode ser utilizado como verbo transitivo direto, indireto, direto e indireto, intransitivo e pronominal.
Agindo como verbo transitivo direto, “falar” pede um complemento sem a necessidade de uma preposição. Vejamos alguns exemplos:
- falar diversas línguas;
- falar demais;
- falar besteira.
Já como verbo transitivo indireto temos a regência com diversas preposições. Atente-se:
- falar com a mãe;
- falar a todos;
- falar sobre eles;
- falar de trabalho;
- falar em objetivos.
Quando o verbo “falar” age como direto e indireto, apresenta diversas composições. Observe:
- falar algo sobre ele;
- falar algo a família;
- falar a ele sobre alguma coisa.
O verbo “falar” como transitivo, independentemente da forma como é aplicado, terá sempre o significado de: expressar algo, declarar algo.
Já ao ser empregado como verbo intransitivo, “falar” não demonstra regência com nenhum complemento verbal. Veja abaixo:
- O filho dela já tem 4 anos e ainda não fala.
- A filha dela já fala muito bem.
- meus primos falam muito, mesmo!
Percebe-se nos exemplos acima que o verbo “falar”, como intransitivo, muda de significado, podendo ser: facilidade com palavras, tagarelar, discursar, manifestar-se de modo claro.
Como verbo pronominal, “falar” é usado com pronome oblíquo átono. Observe:
- A gente não se fala.
- Elas se falam.
Quando é pronominal, vemos um novo significado para o verbo “falar”: circulação de notícias ou rumores, por exemplo.
Análise do verbo dizer
O verbo “dizer” pode ser transitivo direto, indireto, intransitivo, bitransitivo e pronominal. Vejamos os exemplos:
Como verbo transitivo direto, determina a regência, sem a necessidade de uma preposição:
- Ele disse que teve sorte no jogo de ontem.
- Ela disse que o trabalho ontem foi puxado.
- Eles disseram uma verdade.
- Elas disseram tudo que sabiam.
Já como verbo transitivo indireto, “dizer” pode ser usado com diversas preposições. Vejamos:
- Ele disse a verdade ao juiz.
- Ela disse mentiras para os pais.
- Eles disseram besteiras à mãe.
O verbo “dizer”, quando transitivo, sempre terá como definição: exprimir-se por meio de palavras, sinais, escrita, músicas ou gestos, referir-se, recitar, depor ou contar.
Quando o verbo for pronominal, será usado com pronome oblíquo átono. Observe:
- Diz-se um escritor pioneiro.
- Diz-se a melhor cozinheira do mundo.
- Diz-se uma cantora espetacular.
Percebe-se que, nos exemplos acima, o verbo “dizer” tem o significado de intitular-se, declare-se, afirmar ser.
Já como verbo bitransitivo, “dizer” apresenta dois complementos, ou dois objetos, com e sem preposição. Atente-se:
- Ele disse palavras feias aos pais.
- Ela disse besteiras aos amigos.
- Eles disseram palavras caluniosas para os professores.
- Elas disseram barbaridades para os vizinhos.
Nota-se que, nas frases acima, o verbo “dizer” atua com o significado de falar alguma coisa diretamente; expressar-se.
Já ao ser empregado como verbo intransitivo, “dizer” não apresenta nenhum complemento verbal. Atente-se:
- Essa roupa não diz bem.
- Essa explicação não diz bem.
- Essa comida não diz bem.
Nesses casos, o verbo “dizer” aparece com o significado de condizer, corresponder.
Dizer ou falar?
“Dizer” e “falar” são palavras estudadas por campos diferentes da linguística.
O ato de “falar” faz referência aos sons que articulamos, ou seja, o nosso aparelho fonador e, por esse motivo, é estudado pela fonética.
Já o ato de “dizer” envolve uma análise mais complexa, sendo estudado pela semântica. Trata-se de uma maneira de se expressar por intermédio de um conceito declaratório, formando a lógica entre as palavras para uma interpretação compreensiva daquilo que afirmamos.
Não há necessidade de falar para se dizer, isto é, podemos dizer através de imagens, gestos, sinais, músicas, poemas, entre outras formas de comunicação.
Assim como, para falarmos, não precisamos dizer nada, apenas usarmos os órgãos responsáveis pela fala, como a boca, pulmões e cordas vocais, por exemplo.
Quando usar cada verbo?
Agora que entendemos a diferença entre o significado desses dois verbos, precisamos saber quando usar cada um deles, para uma melhor compreensão de nossas falas e ideias.
Reflita sobre as frase abaixo:
- Ela fala demais, mas não diz nada com nada.
- Ele falou, falou, mas não disse muita coisa.
Os exemplos acima estão escritos de maneira correta, pois, quando mencionamos que “eles falam demais”, estamos afirmando que eles se exprimem muito, ou seja, se manifestam bastante por meio de palavras.
Contudo, isso não significa que eles dizem as coisas corretas, que levantam informações pertinentes. Eles apenas falam, emitem sons, em excesso, todavia pouco extraímos de seus argumentos.
Uma outra forma de saber quando usar dizer e falar, é lembrarmos que a conjunção “que” só será usada com o verbo “dizer”.
Dessa forma, sempre que nos depararmos com orações com o emprego dessa conjunção, já sabemos qual verbo utilizar. Veja alguns exemplos:
- O jogador disse que a pontuação estava errada.
- A mãe dela disse que o frango passou do ponto.
- O atirador disse que não estava na cena do crime.
- Quem disse que a aula não foi boa?
Observe que, em todos os exemplos acima, as orações levam a conjunção “que”. Por esse motivo devem ser antecedidas do verbo “dizer”, e não pelo verbo “falar”.
Conclusão
Apesar de muitos verbos serem empregados como sinônimos, é pertinente que tenhamos conhecimento de quem nem sempre seus significados são exatamente iguais.
O verbo “falar” está ligado à capacidade que o ser humano possui em se “comunicar por intermédio das palavras”, isto é, pela fala. Já o verbo “dizer” está conectado à ideia de informar ou transmitir alguma coisa que faça sentido e tenha lógica.
Confira um resumo de quando usar cada verbo no mapa mental abaixo:
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