Gradação ou clímax: o que é e como identificar?

A gradação ou clímax é uma figura de linguagem usada para enfatizar uma ideia em um discurso de forma crescente, até alcançar seu grau máximo. Melhor dizendo, ela intensifica uma determinada ideia por meio de termos estruturados em sequência. 

Vale dizer que há três tipos de gradação: a ascendente (clímax), a descendente (anticlímax) e concatenação. Continue conosco neste artigo e entenda mais detalhes sobre o assunto!

Gradação ou clímax: o que é e como identificar?

O que é gradação?

A gradação é uma figura de linguagem, também chamada de figura de pensamento ou figura de acumulação. Ela se refere à organização progressiva de palavras ou termos associados para o aumento ou a diminuição da ideia de um enunciado. 

Em outras palavras, ela contribui com uma maior expressividade ao texto, intensificando uma ideia em ordem crescente de intensidade, importância ou complexidade. Vale dizer que essa figura de linguagem é muito usada em músicas e textos poéticos. 

Qual efeito a gradação provoca?

Como dito acima, a gradação provoca a intensificação ou amenização da ideia do discurso. Veja o exemplo:

  • Ele começou a discussão sussurrando, depois levantou a voz. Por último, gritou com ela. 

Note que, o sujeito começou a discussão sussurrando e aumentou a voz gradativamente. Na frase, a gradação é ascendente e ocorre por meio de termos como “levantou” e “gritou”. Veja outro exemplo:

  • O projeto começou com grandes expectativas, seguiu com algum entusiasmo e terminou com um simples e-mail de agradecimento.

No exemplo acima, é possível notar a gradação descendente, ou seja, o anticlímax. Isso porque o projeto começa com grandes expectativas, segue com algum entusiasmo e termina em um simples e-mail de agradecimento.

Quais são os tipos de gradação?

Existem três tipos de gradação: o clímax, o anticlímax e a concatenação. Vamos conhecer cada um deles, abaixo:

Clímax (gradação ascendente/crescente)

O clímax, também chamado de gradação ascendente ou crescente, organiza palavras e termos dos mais leves ao mais intensos. Em outras palavras, ele torna o discurso mais forte. Confira o exemplo: 

“Epitáfio” – Titãs

“Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer,
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer…

Aqui, o clímax apresenta o crescente arrependimento sobre todas as coisas que a pessoa em questão deveria ter feito na vida. Os termos que representam a intensificação da ideia são “amado mais”, “chorado mais”, “arriscado mais” e “errado mais”. 

Veja mais um exemplo, a seguir:

“Dom Casmurro” – Machado de Assis

“Era o próprio, o exato, o verdadeiro Escobar. Era o meu comborço; era o filho de seu pai. Vestia de luto pela mãe; eu também estava de preto. Sentamo-nos.”

Neste trecho, o autor usa a gradação para intensificar a certeza de que seu filho era, na verdade, filho do seu melhor amigo, Escobar. Os termos “era o próprio”, “o exato”, “o verdadeiro”, torna o enunciado mais forte. 

Anticlímax (gradação descendente ou decrescente)

Ao contrário do clímax, o anticlímax, também chamado de gradação descendente ou decrescente, ordena as palavras das mais intensas às mais brandas. Melhor dizendo, faz com que o enunciado fique mais leve ou suave. Acompanhe o exemplo:

“Você não me ensinou a te esquecer” – Caetano Veloso

“Vou me perdendo
Buscando em outros braços os seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho…”

No exemplo acima, temos um anticlímax representado pelas expressões: “você se retirou”, “me atirou”, e “me deixou aqui sozinho”. Aos poucos, a pessoa em questão foi sumindo da vida do cantor. 

Veja mais um exemplo a seguir:

“O Primo Basílio” – Eça de Queirós

“Era um horror de rua! Pequena, estreita, acavalados uns nos outros!”

Aqui, o trecho evidencia o anticlímax, com a descrição da rua que inicia com a descrição impactante “um horror de rua”, para palavras mais brandas: “pequena”, “estreita”. 

Concatenação 

Por fim, a concatenação é a gradação que ocorre por meio do entrelaçamento. Assim, após um enunciado, vem outro complementando, para dar sentido ao primeiro. No entanto, é preciso repetir um elemento anterior para reforçar a ligação entre os dois. Observe: 

“Admiro seu lindo rosto. Rosto de mulher livre. Livre como pássaros na floresta”.

Na frase, nota-se que a gradação é feita intensificando a beleza do rosto da moça. No entanto, em cada enunciado, o elemento anterior se repete, formando-se, assim, o efeito da concatenação. 

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