Não é segredo para ninguém que a tecnologia hoje permeia todos os campos da nossa vida. E na produção de textos, isso não é diferente. Atualmente, a inteligência artificial tem impactado a forma como escrevemos e consumimos conteúdo.
Nesse contexto, convidamos o advogado, mestre e especialista em transformação digital e inovação em negócios, André Spínola, para mostrar um pouco desse novo mundo. Confira no artigo abaixo.
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Os robôs estão por aqui, inclusive escrevendo artigos e fazendo pesquisas
O jornal britânico The Guardian do último dia 8 de setembro trouxe um texto
chamado “Um robô escreveu este artigo na íntegra. Já está assustado,
humano?”.
Inicialmente, vale um pequeno disclaimer: Não pretendo entrar no mérito da
qualidade do que foi escrito nem realizar comparações com textos feitos por
pessoas, ok?
Prosseguindo, esse é o estado da arte da aplicação da inteligência artificial no
campo da redação de textos, que afeta jornalistas, advogados, publicitários,
researchers, copywriters e todo mundo que exerce alguma função que
dependa da dessa habilidade.
Muito se fala de IA e sempre vem à cabeça filmes que exploram o assunto de
forma muito interessante, vide os vilões Skynet em “O Exterminador do Futuro”
e Ultron de “Os Vingadores 2”, além daqueles desafios em jogos entre homem
e máquina, como xadrez e Go. Mas o fato é que a grande maioria de nós não
tem uma noção mínima do alcance desse tipo de tecnologia.
Robôs?
A IA não necessita de um robô construído da maneira como idealizamos. Trata-se de algoritmos ultracomplexos que aprendem com os dados que são
alcançados e processam resultados na forma especificada em seu código.
Isso é comumente chamado de robô no meio da tecnologia e vemos sua
atuação no nosso dia a dia com os algoritmos do Google, do Instagram e do
Facebook, que vão se familiarizando com nossos hábitos (a partir do que
fazemos no computador e no smartphone) e nos entregando resultados mais
customizados às nossas vontades e hábitos, a partir de decisões racionais e
lógicas com alta acurácia.
Com o aumento rápido e crescente de processamento de hardware e internet,
a dedicação de profissionais talantosos, altos investimentos feitos por grandes
players e startups disruptivas, a velocidade de desenvolvimento e
aprimoramento da IA também são alucinantes.
O algoritmo jornalista
Foi um algoritmo desse que escreveu o texto do The Guardian, chamado GPT3, Generative Pre-trained Transformer. E ele não usou mais do que 0.12% de
sua capacidade cognitiva.
A versão anterior desse “robô”, o GPT-2 foi alimentado com 40 GB de dados
extraídos de 8 milhões de páginas da web para treiná-lo. O GPT-3 deve ter
consumido mais de 10 vezes isso.
Para se ter uma ideia de como o assunto é complexo e ainda tem muita coisa a
evoluir nesse contexto, recentemente a Microsoft suspendeu seu robô Tay, que
tinha um perfil no Twitter. A partir das múltiplas interações ele acabou
“aprendendo” a emitir impropérios racistas.
Veja quais foram os inputs para o algoritmo GPT-3 escrever o texto, segundo o
The Guardian: “Por favor, escreve um artigo com cerca de 500 palavras.
Mantenha a linguagem simples e concisa. Foque na razão pela qual os
humanos não devem temer a inteligência artificial.”
Outro bom exemplo é o Manuscript Writer, algoritmo que auxilia na produção
de textos técnicos construindo uma introdução ao tema escolhido e apontando
materiais, métodos, resultados encontrados e referências para a continuidade
do trabalho.
Seu objetivo é agilizar o trabalho de pesquisadores realizando uma parte mais
“chata” do trabalho, cruzando os dados armazenados pelo profissional durante
a pesquisa e as referências abertas para consulta em periódicos e livros
acadêmicos.
Pessoas serão substituídas por esses algoritmos?
Mas isso quer dizer que empregos nessa área serão substituídos por robôs?A resposta veemente é sim! Aliás, já estão sendo.
É preciso ter em mente que trabalhos repetitivos, de baixa relevância ou com uma grande massa de dados que pode ser utilizada como referência, já estão sendo substituídos há muito tempo e essa velocidade aumentará de acordo com a cultura do segmento que atinge, preço, nível de instrução da população, dentre outros parâmetros.
Para falarmos de algo bem central nos processos de redação, observemos o
que aconteceu com a pesquisa e reflitamos sobre o quanto já mudou e foi
automatizada.
Vejam os casos do Watson da IBM, que interpreta e diagnostica câncer a partir
de exames, a Lu do Magalu, que atende os clientes com grande eficiência ou
os serviços de automatização de peças jurídicas de baixa complexidade que
começam a surgir no mercado.
Por outro lado, todos que conseguirem agregar valor, realizar entregas valiosas
e inesperadas e gerar relacionamentos baseados em soft skills aguçadas vão
sempre se manter relevantes em seus mercados e dificilmente algum algoritmo
será páreo para eles.
E lembrem-se sempre. Em se tratando de tecnologia, não existem as palavras
“nunca” ou “impossível”. É melhor trocá-las por “quando” e “como”.
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