Uma das formas mais eficazes de ajudar os filhos no processo de alfabetização é por meio das práticas de Literacia Familiar. Ao todo, temos seis práticas:

  1. Interação verbal
  2. Leitura dialogada
  3. Narração de histórias
  4. Contatos com a escrita
  5. Atividades diversas
  6. Motivação

Dentre elas, a interação verbal, junto da leitura dialogada, é uma das mais importantes no processo de desenvolvimento da linguagem das crianças.

Veja a seguir o que é e como praticar a interação verbal.

O que é interação verbal na Literacia Familiar?

A interação verbal é a prática de Literacia Familiar que objetiva aumentar a quantidade e a qualidade dos diálogos entre adultos e crianças.

Em outras palavras, a interação verbal apresenta às crianças palavras novas e dá a elas os subsídios necessários para que transmitam informações importantes e expressem-se da forma mais clara possível.

Para praticar a interação verbal com os filhos, não é necessário investir em materiais didáticos caros. Basta apenas que os pais aproveitem as oportunidades do dia a dia para realizar conversas que estimulem o desenvolvimento linguístico dos pequenos.

Por que praticar as estratégias de interação verbal com seu filho?

Veja alguns benefícios que as práticas de interação verbal podem propiciar não só para a criança, mas também para toda a família:

  • Reforça a capacidade da criança de compreender o que ouve;
  • Reforça a capacidade da criança de expressar-se pela fala;
  • Amplia o vocabulário da criança e estimula os pais a adquirirem uma linguagem cada vez mais rica, pois assim podem ajudar ainda mais os filhos;
  • Reforça o contato entre pais e filhos, que passam a dialogar mais e, consequentemente, a se conhecerem mais;
  • A autoestima da criança é reforçada quando ela percebe que os pais prestam atenção nela e valorizam o que ela tem a dizer.

Como aplicar as estratégias de interação verbal?

As estratégias de interação verbal devem ser inseridas no dia a dia familiar e podem ser aplicadas com bebês, crianças e adolescentes. Com o tempo e com a prática, ficará cada vez mais fácil para os pais identificarem qual é a melhor estratégia para cada fase da vida de um filho.

Na hora de aplicar, o mais importante a se ter em mente é, sem dúvidas, que se deve deixar tudo fluir naturalmente, sem parecer que a família está num momento formal de estudos.

1. Preste atenção em seu filho: é por meio da observação dos gestos, do olhar, das falas, das atitudes, das expressões faciais etc. que você poderá introduzir um contato.

2. Identifique para onde está voltada a atenção de seu filho: se seu filho demonstra que está atento a algo, use isso para introduzir uma conversa. Exemplo: “Percebi que você fica feliz sempre que vê um cachorrinho. O que você mais gosta nesse animalzinho?”

3. Demonstre interesse pelo dia do seu filho: pergunte o que ele aprendeu na escola, o que brincou com os amigos, o que assistiu ou leu de novo, quais são os planos para o dia seguinte etc. 

4. Incentive-o a expressar o que sente: aproveite os momentos de euforia, tristeza, raiva, ciúmes etc. para dar a oportunidade de seu filho descrever o que sente. 

5. Incentive-o a descrever o que vê, toca e vivencia: além dos sentimentos, é importante incentivar a descrição de objetos, pessoas, lugares, experiências etc.

6. Sente-se com toda a família à mesa: ao menos uma vez por dia, tente fazer uma refeição com toda a família à mesa. Aproveite o momento para desligar os aparelhos eletrônicos e interagir!

7. Dê mais de uma opção: sempre que puder, dê mais de uma opção de escolha de brincadeiras, livros, filmes, playlists musicais, passeios, brinquedos, jogos, alimentos etc. Dessa forma, você irá estimular a autonomia e a tomada de decisão de seu filho. Aproveite para estimulá-lo a explicar o motivo da escolha.

8. Pense em voz alta como um narrador: aproveite algumas situações para resolver problemas em voz alta, explicar o que está vendo ou fazendo, apresentar as características de objetos, lugares etc. 

9. Faça de seu filho um ajudante: peça ajuda nas tarefas do dia a dia e veja como ele se sentirá muito importante por poder contribuir com a dinâmica familiar.

10. Enfatize o som das palavras e das letras: estimule a criança a prestar atenção no som das letras do próprio nome, no som de palavras que rimam, em como uma mesma letra possui sons diferentes em alguns momentos… 

11. Pergunte, pergunte e pergunte: estimule o raciocínio lógico e a curiosidade de seu filho por meio de perguntas exploratórias. Exemplos: “Filha, você sabe para onde vai este lixo que estamos separando?”

12. Reformule as frases de seu filho: sempre que seu filho responder de forma muito resumida, com duas ou três palavras-chave apenas, reformule a frase de forma mais complexa. Isso também vale para quando ele errar a pronúncia de uma palavra. Exemplo: 

Filho: – Qué chalchicha!

Responsável: – Ah, você quer comer salsicha? É mesmo uma das coisas que você mais gosta, né?

13. Explore os sinônimos: amplie o vocabulário de seu filho utilizando sinônimos. Exemplo:

Filho: – Que filme irado!

Responsável: – Realmente, o filme é mesmo sensacional!

14. Usem juntos o dicionário: sempre que seu filho te perguntar o significado de uma palavra que você não sabe explicar, convide-o a buscar no dicionário junto com você.

Importante: para a interação verbal funcionar, os pais devem ser bons ouvintes! Então dê o tempo que for necessário para o seu filho responder. 

Estratégias específicas para bebês

Ainda que seu bebê não fale ou apenas emite sons ou palavras curtas, estimule a comunicação dele por meio de gestos, expressões faciais e vocalizações. Eles são capazes de compreender muito mais do que imaginamos!

Então aqui vão algumas dicas:

1. Estabeleça contato visual: olhe nos olhos do bebê quando estiver falando, assim ele entenderá que o que você fala diz respeito a ele.

2. Não distorça a pronúncia correta das palavras: é importante não distorcer as sílabas. Exemplo: “Olha o cacholinho!”

3. Estimule as tentativas de fala: sempre que o bebê tentar pronunciar alguma sílaba, repita-a de volta para ele, completando-a. Exemplo: 

Bebê: – Bó… bó… bó…

Responsável: – Bó, bola! A mamãe vai jogar a bola pra você.

4. Evite o excesso de diminutivo: o diminutivo deixa a palavra mais longa e mais difícil de ser diferenciada pelo bebê.

5. Aponte e nomeie: Exemplo: “Olha o passarinho!”

6. Cante bastante: cante principalmente músicas com repetições. Quando o bebê começar a falar, deixe-o completar os versos.

7. Ensine os nomes das partes do corpo: Exemplos: “Cadê o nariz?”, “Pisque os olhos!”.

São inúmeras as formas de aplicar as estratégias de interação verbal! Como ninguém conhece seu filho melhor que você, faça as adaptações necessárias e deixe a criatividade fluir!

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Gostou do artigo? Então, vale a pena aprofundar seus conhecimentos com o Guia da Alfabetização.