Fim dos modelos prontos de redação: decisão do Enem vai impactar concursos

A recente decisão do Inep de penalizar discursivas do Enem 2024 que utilizarem repertórios forçados ou modelos prontos de redação traz reflexões importantes também para candidatos de concursos públicos. Embora a mudança seja direcionada ao exame nacional, a nova diretriz pode sinalizar uma tendência que, em breve, será adotada pelas principais bancas de concursos, como CESPE/Cebraspe, FGV, FCC, IBFC, entre outras.

Decisão do Enem põe fim aos modelos prontos de redação para concursos

O que muda no Enem e o impacto para os concursos?

O Inep determinou que textos com referências socioculturais artificiais ou estruturas predefinidas terão descontos significativos na nota. Isso inclui:

  • Repertório forçado: citações ou dados desconectados do tema central;
  • Modelos prontos: textos com fórmulas padronizadas e previsíveis, comuns em materiais preparatórios.

Embora voltada para o Enem, essa abordagem pode rapidamente influenciar a forma como as bancas de concursos corrigem as provas discursivas, já que essas instituições também buscam textos que demonstrem autoria, profundidade e clareza argumentativa.

De acordo com o professor Dino, especialista em preparação para provas discursivas, “os modelos prontos, esquemas e frases feitas, amplamente difundidos em cursos na internet, não funcionam ou são insuficientes para garantir sucesso na prova discursiva. Macetes não trazem bons resultados na hora H.” Essa afirmação reforça a necessidade de se investir em estratégias mais sólidas e personalizadas na preparação.

Como isso afeta o candidato de concursos públicos?

A exigência por textos mais autênticos e bem fundamentados representa um desafio adicional para concurseiros. Muitos candidatos, acostumados a utilizar introduções e repertórios genéricos como “segundo Aristóteles” ou “de acordo com a Constituição Federal”, precisarão adotar estratégias mais elaboradas.

Nesse sentido, se as bancas começarem a aplicar critérios semelhantes aos do Inep, os textos mecânicos, que priorizam a memorização de fórmulas, tendem a ser menos valorizados.

Além disso, as bancas de concursos já costumam exigir um repertório técnico mais aprofundado, alinhado às especificidades do cargo. Nesse contexto, a penalização do uso de modelos prontos de redação poderia ser ainda mais rigorosa, já que o objetivo dessas provas é avaliar conhecimentos práticos e domínio da linguagem formal.

Como se preparar para essa possível mudança?

Para se adaptar a essa tendência, candidatos de concursos públicos podem adotar as seguintes estratégias:

  1. Abandone os clichês: Evite introduções genéricas e argumentos superficiais. Trabalhe textos que dialoguem diretamente com o tema.
  2. Construa um repertório relevante: Priorize referências socioculturais, legais ou técnicas que realmente tenham relação com a proposta da questão discursiva.
  3. Pratique a escrita autoral: Foque em desenvolver argumentos próprios e evitar o uso de modelos prontos de redação.
  4. Estude temas atuais e específicos: As bancas costumam valorizar a aplicação de temas recentes ou especializados no cargo em questão.

A tendência das bancas em adotar critérios mais rígidos

O histórico das principais bancas de concursos demonstra que há uma constante busca por formas de selecionar candidatos que, além do conhecimento técnico, demonstrem capacidade crítica e argumentativa.

Nesse contexto, a decisão do Inep de valorizar textos originais e penalizar abordagens artificiais está alinhada a esse movimento. É provável que, no futuro, bancas como FGV e CESPE/Cebraspe, entre outras, sigam o exemplo da organizadora do Enem e endureçam seus critérios de avaliação discursiva.

Crie seu próprio modelo

Enquanto muitos candidatos podem ser prejudicados por dependerem de fórmulas decoradas, quem investe em uma preparação que valorize a autenticidade e a argumentação de qualidade terá uma vantagem competitiva. Este é o momento de rever estratégias de estudo e escrita, alinhando-se a essa nova tendência.

O caminho, como explica o professor Dino, é criar seu próprio modelo de redação. “Costumo dizer que um bom caderno de anotação de estruturas frasais é sempre de grande valia. Para escrever bem, precisamos aprender a colher na língua a palavra e a estrutura frasal adequadas a expressão de determinado pensamento. Isso porque nós não podemos inventar estruturas sintáticas novas, apenas usar as disponíveis na sintaxe, ou não seremos compreendidos”.

A nova diretriz do Inep de endurecer os critérios de correção das redações do Enem 2024 sinaliza uma possível mudança no cenário das provas discursivas dos concursos públicos. Para quem está se preparando, o recado é claro: foque na construção de argumentos sólidos, em um repertório bem aplicado e na produção de textos originais. Quem souber adaptar sua escrita a esses novos critérios estará um passo à frente na disputa pelas vagas mais concorridas do país.

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