O estudo da língua portuguesa pode ser realizado por meio de cinco níveis de análise da língua:

1. Fonético/Fonológico;

2. Morfológico;

3. Sintático;

4. Semântico;

5. Pragmático.

Dentre eles, há dois que tratam especificamente da interpretação de um texto: o semântico e o pragmático.

Semântica x Pragmática

A semântica objetiva, principalmente, a análise da significação das palavras, as quais podem estar em seu sentido denotativo (sentido primário da palavra) ou conotativo (sentidos secundários conforme o contexto). Dessa forma, uma palavra não necessita, obrigatoriamente, estar inserida em algum contexto para ser analisada semanticamente, pois também é possível analisá-la de forma isolada.

Os principais campos de estudo da semântica são: sinonímia e antonímia, homonímia e paronímia, hiponímia e hiperonímia, meronímia e holonímia, polissemia, ambiguidade, estrangeirismos, toponímia etc.

Já a pragmática é o ramo da linguística que analisa todo o contexto comunicativo com a finalidade de perceber as intenções do enunciado. Portanto, trata principalmente do uso da linguagem do ponto de vista do falante, considerando suas motivações psicológicas, o impacto que sua fala causa no interlocutor e os fatores que interferem na escolha das palavras, das estruturas sintáticas, do nível de formalidade, do canal de comunicação etc.

Mas apesar de focar na análise do todo, a pragmática não dispensa o significado particular das palavras, tendo como aliada a semântica. Além disso, busca averiguar as informações implícitas do texto, isto é, informações que não foram ditas, mas podem ser inferidas. Portanto, uma análise textual de viés pragmático está diretamente ligada ao conhecimento de mundo e às experiências de vida de cada interlocutor.

Observe alguns exemplos:

Chefe: – Ah, está explicado o porquê desse frio todo… esqueceram o ar-condicionado ligado no mínimo.

Funcionário: – Pode deixar que irei desligá-lo agora.

Perceba que, mesmo sem o chefe pedir diretamente, o funcionário realizou o desejo dele. Isso foi possível porque o funcionário conseguiu entender o pedido implícito na fala do chefe.

Filho: – Mãe, estudei tanto e me esqueci de parar para comer!

Mãe: – Eu percebi e preparei vários sanduíches para você. Estão na mesa.

Nesse segundo exemplo, sem o filho pedir, a mãe já havia preparado os sanduíches devido a uma análise do contexto em que o filho estava. Ela conseguiu inferir que, depois de tanto estudo, o filho consequentemente ficaria com fome. A convivência diária com o filho também contribui para que ela provavelmente saiba de quanto em quanto tempo ele costuma comer.

Em todos os casos citados, os interlocutores foram além de uma análise superficial e literal daquilo que lhes foi dito. Eles analisaram todo o contexto e as informações implícitas, portanto fizeram uma análise pragmática do discurso.

Pragmática e Estilística

Dentro da pragmática, encontra-se ainda a estilística, a parte da análise linguística que estuda o aspecto estético e emocional da linguagem, ou seja, trata do uso criativo da língua. Seu objetivo é o de sugerir, provocar e embelezar a forma e/ou conteúdo do texto.

O jogo de palavras praticado pela estilística atém-se fortemente ao uso da linguagem conotativa e das figuras de linguagem, mas não só isso. Ela consegue passear por todos os campos da linguagem, por isso existe a estilística semântica, a sintática, a morfológica e a fônica.