A aliteração é um tipo de figura de linguagem fônica – também chamada de figura de som – e consiste na repetição de fonemas consonantais iguais ou semelhantes. Essa repetição ocorre, normalmente, no início de palavras de um verso ou de uma frase.

Veja a seguir um exemplo de aliteração com a repetição do fonema consonantal /v/:

Viola violeta violenta violada

Obvia vertigem…”

(Adélia Prado)

Agora, veja com os fonemas /p/, /d/ e /t/, que não são iguais, mas possuem uma semelhança fonética que realça a musicalidade do verso:

“Esperando, parada, pregada na pedra do porto”

(Chico Buarque)

O uso da aliteração

Esse recurso estilístico, apesar de ser muito mais utilizado nos poemas, também pode ser encontrado nos textos em prosa, nos provérbios e nos trava-línguas. No clássico livro “O burrinho pedrês”, de Guimarães Rosa, podemos encontrar exemplo de aliteração em prosa:

Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando… Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito… Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando…”

(Guimarães Rosa)

Importante enfatizar que o que deve ser levado em consideração, portanto, é a pronúncia da palavra, e não a sua escrita. Para ilustrar, veja um exemplo com letras diferentes, mas que representam o mesmo fonema, o fonema /ʒ/:

“Toda gente homenageia Januária na janela.”

(Chico Buarque)

Perceba que o principal efeito causado por essa figura de linguagem é o reforço do ritmo que o autor pretende incutir à frase. Além disso, ela ajuda a enfatizar o significado central do texto, como no trava-língua a seguir:

“O rato roeu a roupa do rei de Roma.”

A aliteração em R enfatiza o a mensagem do texto, por exemplo, pois sugere o som do ator de roer.

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