Entre as fases pelas quais toda criança passa até se tornar apta a escrever, a hipótese silábica é a virada de chave, o momento “mágico” no qual uma criança afinal descobre que a escrita é a representação da fala e que os sons podem ser representados por letras e sílabas.

É, portanto, um divisor de águas que confere à criança um primeiro amadurecimento educacional.

Por que dizemos isso? Se você já teve a oportunidade de conviver com uma criança ainda não alfabetizada e pôde observar como ela se comunica, certamente percebeu o interesse dela e o esforço em se conectar, ainda que aleatoriamente, a palavras escritas.

Ao desenvolverem seus estudos sobre a psicogênese da língua escrita, Emília Ferreiro e Ana Teberosky, detectaram que as crianças criam teorias (hipóteses) ao longo do processo de alfabetização. Elas explicam que, mesmo antes de conseguir escrever de próprio punho os primeiros bilhetes para a mãe, toda criança cria hipóteses mentais sobre (o mistério de) como é se comunicar pela palavra escrita.

Não raro ela produz “garranchos” e, se a convidarmos a dizer o que “escreveu”, certamente virá com uma resposta “direta e clara” de algo que só ela mesma pode identificar. A comunicação ainda não se dá pela escrita, mas sim pela fala.

Essa ideia é essencial para perceber que a criança pensa sobre a escrita antes mesmo de ingressar na escola e, de algum modo, inicia autonomamente o seu próprio caminho rumo à alfabetização.

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