Não é só uma pesada carga de preconceito que atrapalha o entendimento a respeito das ideias do que são a linguagem inclusiva e linguagem neutra. Falta informação e compreensão das razões que conduziram à proposta de uma nova forma de tratamento para acolher a diversidade entre indivíduos distintos: manipular a comunicação para que seja mais tolerante e inclusiva.
Por que isso é tão necessário? Pessoas que não se encaixam no padrão cisgênero, ou seja, homem/mulher, como no modelo social que define a tal da “família propaganda de margarina”, formada por um casal de homem e mulher e seus filhinhos, alegam que não se sentem vistos e respeitados pela língua padrão. É, de fato, uma disputa política contra a reprodução de valores e crenças de uma porção da sociedade.
Para essas pessoas, o problema é que a língua portuguesa distribui as palavras (substantivos, adjetivos, artigos e pronomes) com base em fortes marcadores de gênero – masculino, feminino, epiceno, comum de dois ou sobrecomum – e que, para expressar a forma genérica, usa em geral o gênero masculino. É como se o geral, o grupo, pudesse ser representado de uma forma única, monolítica – sabemos que a sociedade é muito mais plural, muito mais diversa.
Esse é o ponto. Os ativistas reconhecem que a língua em si não é sexista, mas lembram que essa marcação tão extrema de gênero acaba perpetuando a invisibilidade das minorias, “apagadas” pela generalização ocupada pelo masculino. O que esperam, no fundo, é que, pelo menos quando a gente vai falar sobre essas pessoas, que não usemos uma identidade que não lhes represente.
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