Muito mais que ler e escrever, quando falamos de letramento literário nos referimos ao campo da formação do leitor por meio da literatura e seus clássicos. Em outras palavras, o letramento literário consiste em uma continuação da alfabetização propriamente dita, ou seja, o processo de letramento da criança é realizado com o auxílio dos textos literários.
Além da leitura em si, o letramento literário faz com que as crianças aprendam a consumir a literatura de forma crítica, tornando-a parte de seu cotidiano e vivência. Assim, elas passam a identificar seus sentimentos e ações com base em personagens e outras realidades expostas nos livros, estimulando a imaginação e a criatividade.
Neste artigo, vamos abordar esse conceito de forma detalhada. Acompanhe a leitura e tire todas as suas dúvidas sobre o termo.
Conceito
O letramento literário consiste em dois conceitos: o de letramento, que é a vivência das práticas sociais por meio da escrita, e o de literário, que se trata de uma forma de arte construída pelas palavras.
Dessa forma, o termo se refere ao caminho que deve ser percorrido para alfabetizar as crianças em todos os aspectos. Em outras palavras, o processo ocorre não somente pelo incentivo de leituras superficiais, como também por intermédio das leituras que estabelecem contextualização, atualização do conhecimento e aprendizado crítico.
É pelo estímulo dos mais diversos tipos de leitura, como das obras clássicas, por exemplo, que construímos o letramento literário. Essa prática tem o intuito de discutir de forma crítica o que foi lido, provocando reflexões e gerando novos resultados.
Portanto, ainda que se pense que a leitura é apenas um ato de decodificar palavras, não é assim que o letramento literário funciona. Com ele, a leitura atua como um meio para que o aluno interprete o mundo de forma crítica. Para isso, tanto a escola quanto os professores são essenciais neste processo.
O ser humano sempre sentiu a necessidade de se comunicar para transmitir informações, emoções, ideias, desejos etc. Entender e ser entendido sempre foi uma questão inevitável entre os indivíduos, por isso o homem encontrou inúmeras formas de se expressar ao longo dos séculos.
Gestos, expressões faciais, músicas, danças, desenhos, pinturas, esculturas… esses são só alguns exemplos. Mas não há como negar que, de todas as formas de comunicação que existem, a linguagem verbal é a mais eficaz, sendo manifestada pela fala e pela escrita. Ambas as manifestações tem como matéria-prima a palavra,e o homem foi descobrindo inúmeras formas de utilizá-la com o passar do tempo.
De modo geral, podemos dividir toda a nossa comunicação verbal em literária e não literária. Enquanto o texto não literário tem como objetivo principal informar, esclarecer, explicar, ou seja, tem um aspecto mais utilitarista, o texto literário faz o uso estéticoda linguagem verbal falada ou escrita, por isso é considerado uma arte, a arte literária.
Mas o que é arte?
Dentre os muitos significados de arte, podemos destacar estes que aparecem no dicionário on-line da Porto Editora:
expressão de um ideal estético através de uma atividade criativa;
conjunto das atividades humanas que visam essa expressão;
criação de obras artísticas (…)
Ou seja, podemos compreender a arte como uma atividade criativa que visa a expressão de ideias, ideologias, sentimentos, emoções, culturas e tudo mais que se desejar externar.
A literatura periférica, também conhecida como literatura marginal, faz referência a toda produção literária que contraria e, até mesmo, opõe-se aos moldes da literatura canônica. Isto é,a literatura periférica não goza de prestígio social e acadêmico e circula fora do mercado comercial das grandes editoras.
Hoje, essa falta de prestígio justifica-se, principalmente, pelo fato de seus escritores originarem-se de grupos sociais marginalizados. Além disso, suas obras apresentam forte subversão linguística e retratam histórias de sujeitos pertencentes às classes desfavorecidas.
Origem da literatura periférica no Brasil
Foi na década de 1970 que o termo marginal apareceu na literatura brasileira por meio da Geração Mimeógrafo. Essa geração era composta de artistas que estavam inseridos no contexto da poesia marginal, assim denominada por estar à margem do circuito editorial estabelecido à época.
As motivações da Geração Mimeógrafo eram diferentes das motivações dos escritores periféricos de hoje. Seus artistas, que integravam a classe média, desejavam fazer os próprios livros e simbolizavam um movimento de contracultura em função da censura imposta pela Ditadura Militar, que os obrigou a buscar meios alternativos de propagação cultural.
Dessa forma, por ser o mimeógrafo uma tecnologia acessível à época, as obras eram produzidas de forma artesanal e vendidas de mão em mão, nas ruas, em praças e nas universidades. Os escritores que tiveram destaque nesse cenário de busca por uma liberdade de expressão foram: Ana Cristina César, Paulo Leminski, Chacal, Torquato Neto, Jards Macalé e Waly Salomão.
Somente no final da década de 1990 que surgiram os escritores oriundos das periferias, principalmente as de São Paulo. Eles começaram a tratar principalmente de temas que envolviam a própria periferia, a cultura hip hop e os problemas sociais. Então o poeta Ferréz, nome artístico de Reginaldo Ferreira da Silva, retomou o termo marginal e nomeou a literatura produzida por ele como literatura marginal.
Desde então, a literatura periférica/marginal pode referir-se a: obras e autores que, por algum motivo, circulam fora do mercado comercial das grandes editoras; obras e autores que fazem oposição às tendências literárias e fogem dos cânones estabelecidos; autores de origem periférica, cujas obras retratam a realidade das minorias.
Graciliano Ramos foi um escritor e jornalista brasileiro que fez parte da segunda fase do Modernismo (fase de consolidação), sendo considerado o prosador mais importante da Geração de 30.
No campo literário, escreveu diversas obras entre romances, contos, crônicas e literaturas infanto-juvenis. O estilo de sua narrativa – simples, seco e sem rodeios – propicia uma análise profunda e uma abordagem direta dos personagens e dos cenários retratados.
O autor destaca-se por sua habilidade de abordar os aspectos psicológicos dos personagens, a complexidade das relações humanas e os conflitos sociais caraterísticos do Brasil.
Graça Aranha foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Escritor, advogado e diplomata, participou da Semana de Arte Moderna de 1922.
O romancista fez parte do pré-modernismo e suas obras apresentam traços simbolistas e naturalistas, além de trazer características do nacionalismo modernista.
Vida pessoal e profissional
José Pereira da Graça Aranha nasceu no dia 21 de junho de 1868, em São Luís, no Maranhão.
Em 1882, antes de completar 15 anos, conseguiu autorização do governo para cursar Direito. No mesmo ano, iniciou o curso de Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do Recife.
Após sua formatura, em 1886, Graça Aranha foi morar no Rio de Janeiro, onde atuou exerceu o Direito no município de Campos.
Depois, se mudou para o Espírito Santo, onde trabalhou na cidade de Porto do Cachoeiro.
No ano de 1897, contribuiu para a fundação da Academia Brasileira de Letras. Em seguida, iniciou suas atividades como diplomata e, até 1920, atuou na Europa.
Ao retornar para o Brasil, em 1921, teve o primeiro contato com os novos artistas paulistas quando foi até a exposição Fantoches da Meia-Noite, de Di Cavalcanti.
Em 1922, participou da organização da Semana de Arte Moderna. Nesse mesmo ano, Graça Aranha foi preso e ficou encarcerado por cerca de um mês, como suspeito de conspiração na revolta militar contra o presidente eleito, Artur Bernardes.
Quando foi libertado, a polícia o convocou novamente. Com medo de ser preso outra vez, fugiu para o interior de São Paulo.
Após dois anos, o escritor voltou aos noticiários ao pedir afastamento da Academia Brasileira de Letras, sob o argumento de que ela não admitia reformas e nenhum outro tipo de renovação.
Ainda jovem, Graça Aranha se casou com Maria Genoveva de Araújo. Entretanto, se separou, não oficialmente, em 1928, para ficar com Nazareth Prado, seu verdadeiro amor.
O romancista faleceu no dia 26 de janeiro de 1931, no Rio de Janeiro.
No livro Cartas de amor, publicado em 1935, está parte da história do relacionamento vivido entre Graça Aranha e Nazareth Padro, reunindo cartas que ele enviou para ela de 1911 a 1927.
A literatura de Graça Aranha
Graça Aranha é um escritor do pré-modernismo (período de transição entre o simbolismo e o modernismo na literatura brasileira), portanto, suas obras publicadas de 1902 a 1922 são consideradas pré-modernistas.
Logo, seus livros têm características do modernismo, como o regionalismo e o nacionalismo, mas também são percebidas marcas do naturalismo (estilo literário do fim do século XX).
A visão do Brasil é mais realista, sem idealizações, expondo conflitos políticos e sociais. Além disso, como influência do naturalismo, o autor também aborda questões raciais.
A temática da imigração, inclusive, faz parte de sua obra mais famosa, Canaã, em que pensamentos racistas são abordados pelos personagens, trazendo a miscigenação brasileira para a história.
O simbolismo também influenciou a obra do romancista. A crítica especializada identifica traços desse estilo no livro Canaã e na peça de teatro Malazarte.
Nessas obras, a impressão dos personagens sobre a realidade, por meio da reflexão filosófica e do monólogo interior, se destacam sobre a ação.
Obras de Graça Aranha
Canaã (1902) — romance
Malazarte (1911) — teatro
Estética da vida (1921) — ensaio
Espírito moderno (1925) — ensaio
A viagem maravilhosa (1929) — romance
O meu próprio romance (1931) — memórias
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Homenageada inúmeras vezes, dentro e fora do país, Cecília Meireles foi uma mulher fora da curva, que desde pequena mostrou seu talento e sua tendência para o mundo das artes.
Nesse texto vamos apresentar o trabalho e a vida dela, que passou por tantos contratempos, e ainda assim, se sobressaiu e deixou seu legado.
Quem foi Cecília Meireles?
Cecília Meireles foi uma escritora, professora, jornalista e pintora, considerada a principal representante feminina da segunda geração do modernismo brasileiro. Também é amplamente considerada a melhor poetisa do Brasil, ainda que tivesse horror a que a chamassem de poetisa, tendo preferência pelo termo poeta.
Vida pessoal
Nascida no Rio Comprido, bairro da zona norte do Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu para fazer história.
Ficou órfã de pai – Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil – antes mesmo de nascer, e de mãe – Mathilde Benevides Meireles, professora primária da rede pública do Rio de Janeiro – aos 3 anos, sendo então criada pela avó portuguesa – Jacinta Garcia Benevides – que era rígida, e não permitia que brincasse com as crianças na rua, transformando-a numa criança solitária e apegada aos livros, sua melhor companhia.
Em 24 de outubro de 1922, casou-se com o português Fernando Correia Dias, que era pintor, desenhista, ilustrador e artista plástico. O casal teve três filhas: Maria Elvira (1923), Maria Mathilde (1924) e Maria Fernanda (1925). Devido ao quadro de depressão, Fernando se suicidou em 1935, e Cecília casou-se pela segunda vez em 1940 com Heitor Grillo.
Após uma vida dedicada à arte, ao conhecimento e a viagens pelo mundo, Cecília Meireles faleceu dia 9 de novembro de 1964, no Rio de Janeiro, vítima de um câncer no estômago, com o qual lutava desde 1962.
A professora Cecília Meireles
Seus primeiros estudos foram na Escola Municipal Estácio de Sá, e se destacou pelo empenho nos estudos e boas notas ainda tão nova, tanto que recebeu a Medalha de Ouro Olavo Bilac, em 1910, das mãos do próprio Olavo Bilac, que era inspetor de sua escola.
Nesse período, a menina que já demonstrava todo o seu amor pelos livros, começou a escrever seus primeiros versos.
Em 1917, formou-se na Escola Normal do Rio e no ano seguinte começou a lecionar no ensino primário na Escola Pública Deodoro.
Depois de alguns anos tornou-se professora não só de Literatura Luso-brasileira mas também lecionou Técnica e Crítica Literária na Universidade do Distrito Federal, e mais tarde foi professora do curso de Literatura e Cultura Brasileiras na Universidade do Texas, nos Estados Unidos.
Carreira de Cecília Meireles
Seu livro de estreia foi Espectros, em 1919 com apenas 18 anos, sob a influência dos poetas que formariam o grupo da revista Festa, de inspiração neo simbolista. Alguns dos seus textos possuíam forte tendência ao social e à psicanálise. Foi um nome de destaque no grupo “Poesia de 30”, formado na segunda fase do modernismo.
Depois de lecionar por anos e também ministrar palestras em conferências nacionais e internacionais, Cecília Meireles, no Rio de Janeiro em 1927, circulou a revista Festa, fundada por Tasso da Silveira e Andrade Muricy.
A revista modernista tentava revalorizar a linha espiritualista de tradição católica e tinha Cecília Meireles entre seus colaboradores. Dois anos depois, escreveu para O Jornal, também do Rio de Janeiro, e, em 1930, dirigiu seção do Diário de Notícias.
Viajou para diversos lugares, sempre com o objetivo de levar cultura e debater variados temas, como podemos ver numa agenda de eventos que contaram com sua participação:
1934 – Conferências sobre Literatura Brasileira em Lisboa e Coimbra (Portugal), a convite do governo português;
1935 a 1938 – Professora de Literatura Luso-brasileira e de Técnica e Crítica Literária na Universidade do Distrito Federal (que na época estava sediada no Rio de Janeiro);
1940 – Professora do curso de Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas, em Austin, Estados Unidos, além de participar de conferências sobre literatura, folclore e educação no México;
1953 – Congresso sobre Gandhi, em Goa, na Índia, a convite do primeiro-ministro Jawaharlal Nehru.
Características da literatura de Cecília Meireles
Cecília Meireles iniciou na literatura por meio da “corrente espiritualista” dos poetas do grupo da revista Festa, mas posteriormente afastou-se deles.
Suas obras apresentam as seguintes características principais:
a vida também é fugaz e a morte é uma presença no horizonte.
Influências e inspirações nas suas obras
Sempre muito intuitiva, sem ligar-se diretamente a um estilo ou técnica, algumas das publicações de Cecília Meireles pendiam para o Simbolismo, incluindo solidão, misticismo, religiosidade e um destemor a morte, já que antes mesmo de nascer ela esteve presente.
Porém em 1939, com o livro Viagem, embarcou no estilo modernista de poesia, com tendências a musicalidade, paralelismos e para o verso curto, como as antigas poesias portuguesas.
A influência de Cecília Meireles na educação infantil
Lecionou por alguns anos, e inaugurou em 1934 a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro e do Brasil, ao dirigir o Centro Cultural Infantil do Pavilhão Mourisco.
No período que escreveu para o Diário de Notícias grande parte seus textos eram sobre educação, voltados em sua maioria para dar luz aos problemas educacionais que o Brasil apresentava.
Além é claro dos debates e eventos que participava mundo afora sobre educação, literatura brasileira, teoria literária e folclore, temáticas essas que sempre apoiou e foi defensora ferrenha.
Finalmente, em 1951, se aposentou do cargo de diretora escolar que ocupava.
Principais obras de Cecília Meireles
O trabalho literário de Cecília Meireles é vasto, contando com mais de 50 publicações. Dentre elas, destacam-se:
1919 – Espectros
1923 – Criança, meu amor
1923 – Nunca mais… e Poemas dos Poemas
1924 – Criança meu amor…
1925 – Baladas para El-Rei
1929 – O Espírito Vitorioso
1930 – Saudação à menina de Portugal
1935 – Batuque, Samba e Macumba
1937 – A Festa das Letras
1939 – Viagem
1942 – Vaga Música
1945 – Mar Absoluto
1945 – Rute e Alberto
1947 – O jardim
1949 – Retrato Natural
1950 – Problemas de Literatura Infantil
1952 – Amor em Leonoreta
1953 – Romanceiro da Inconfidência
1953 – Batuque
1955 – Pequeno Oratório de Santa Clara
1955 – Pistoia, Cemitério Militar Brasileiro
1955 – Panorama Folclórico de Açores
1956 – Canções
1957 – Romance de Santa Cecília
1957 – A Bíblia na Literatura Brasileira
1957 – A Rosa
1958 – Obra Poética
1960 – Metal Rosicler
1961 – Poemas Escritos na Índia
Frases marcantes de Cecilia Meireles
Veja abaixo algumas das frases mais conhecidas de Cecília Meireles:
“Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira”.
“Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação de meus desejos afligidos”
“Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre”.
“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.
“Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua”.
“A juventude de hoje? Acho que são meninos que não têm tempo de crescer.”
“Cada geração acredita que traz uma nova voz e uma nova mensagem.”
“A arte abstrata é uma alusão.”
“Educação é botar, dentro do indivíduo, uma estrutura de sentimentos, um esqueleto emocional.”
“A vida mudou quase de repente.”
“Todos queremos prolongar o tempo.”
“Cada minuto é um mistério.”
“Alguém pode estar sendo feliz, até sem o saber.”
“A distância unifica tudo em silêncio.”
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Conceição Evaristo é uma escritora brasileira, doutora em Literatura Comparada e ex-professora da rede pública fluminense.
Romancista, poeta e contista, venceu o Prêmio Jabuti 2015 e foi homenageada como Personalidade Literária do Ano pelo Prêmio Jabuti 2019.
Negra e de origem pobre, a autora é um grande expoente da literatura contemporânea. Seus textos trazem a experiência de opressão e marginalidade, com forte valorização da memória ancestral.
O que a carteira em sala de aula tem a ver com um mundo hiperconectado? Muito pouco, sem dúvida. Talvez quase nada… Afinal, o mundo mudou, alunos e professores mudaram, a dinâmica das interações não é mais a mesma dentro e fora da escola.
Sobretudo depois da pandemia, quem imagina ser possível retornar à escola sem ter um novo olhar sobre as coisas?
Nesse cenário, é crucial que o professor perceba o quanto a tecnologia pode ser uma aliada na mediação do conhecimento e como o interesse é um motor superpotente para a aprendizagem. Então, não há como dissociar a educação – não só a alfabetização, mas o letramento, em particular – de como o mundo se encontra hoje, com tantos bites e bytes, gigas e “gês” rolando por aí.
Em 2020, 92% das crianças e adolescentes brasileiros de 10 a 17 anos viviam em domicílios com acesso à internet, segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). A proporção foi menor (82%) para indivíduos das classes D e E. Porém é importante ressaltar que a inserção de recursos tecnológicos no ambiente educacional, por si só, não garante que o estudante absorva o conhecimento.
O que pode trazer esse resultado é a maneira como o professor promove a articulação entre as ferramentas e conteúdos curriculares. E, diga-se, isso pode ser um enorme desafio para ele, que vai confrontar suas habilidades com os alunos nativos digitais.
A leitura precisa ser estimulada desde a infância para que vá muito além do que decifrar códigos gráficos. Muito mais do que aprender o alfabeto, compreender a conexão entre as letras, sílabas e palavras, é preciso entender a relação delas com o mundo, e fazer disso um hábito. É, portanto, na prática cotidiana de ler que se adquire o chamado comportamento leitor.
Esse comportamento leitor nada mais é do que fazer da leitura um prazeroso costume. E que forma mais prazeirosa há de ler se não pela literatura?
Ler é essencial para a formação humana e é na relação direta com contextos que se estabelece a interpretação de algo escrito. Objetivamente, a leitura ajuda no desenvolvimento cognitivo e intelectual dos indivíduos. Mas ela se mostra ainda mais essencial nas questões sociais e emocionais.
Ninguém precisa ser um mestre em português, mas, quanto antes a prática da leitura for solidificada no dia a dia de alguém, maior será a chance dele crescer como um cidadão capaz de ler, entender, selecionar e organizar as informações por escrito.
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