Língua Portuguesa e Literatura para o Enem

Categoria: Conceitos e métodos (Page 2 of 3)

Processamento fonológico e alfabetização – qual a relação?

O processamento fonológico está conectado ao aprendizado da leitura e escrita. Ele é composto por três habilidades: consciência fonológica, memória de curto prazo fonológica e nomeação rápida

Neste artigo, vamos conhecer mais sobre essas habilidades e a importância que possuem no desenvolvimento escolar. Confira!

Consciência fonológica

É a habilidade da manipulação de sons, ou seja, a percepção sonora de uma palavra. Por meio da consciência fonológica, podemos fragmentar as palavras, isto é, dividi-las em sílabas ou fonemas. 

Quando a criança adquire a capacidade de manipular os sons das palavras, ela descobre que pode, também, trocar a ordem das sílabas, formando novas palavras, como é o caso da palavra “pata”, por exemplo. Ao inverter as sílabas, teremos “tapa”, um novo vocábulo. 

Por intermédio da consciência fonológica, os alunos conseguem notar a infinidade de possibilidades que podem ser trabalhadas com as letras, logo passam a ter a noção da leitura e da escrita. 

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Fases da leitura – quais são e como diferenciar?

É muito comum associarmos a alfabetização apenas à decodificação de letras e sons, porém o processo é muito mais abrangente, envolvendo a leitura, escrita e a interpretação de textos. Neste artigo, vamos mostrar todas as fases ou estágios da leitura e mostrar suas principais características. Confira!

Quais são as etapas de desenvolvimento da leitura?

O primeiro contato com a leitura pode ocorrer ainda antes do nascimento. É através da contação de histórias feita pelos pais, ainda na gravidez, que a relação acontece. É chamada fase intrauterina, na qual a criança tem a proximidade com o hábito da leitura, mesmo que ainda não tenha nascido. 

Nas primeiras fases da infância, o crescimento do hábito da leitura é muito importante para a evolução do desenvolvimento social, emocional e cognitivo. Por esse motivo é fundamental que os pais ou responsáveis estimulem a criança ao prazer pela leitura desde cedo. 

A habilidade de ler e escrever precisa ser motivada, pois naturalmente é mais difícil de ser construída. É necessário que a criança tenha uma relação ativa e cotidiana com a prática da leitura e escrita, para que o processo de aprendizagem seja prazeroso. 

Abaixo vamos listar as 3 fases desse processo de apresentação e interação com a leitura na alfabetização. 

Estágio Logográfico

No estágio logográfico, a criança utiliza o texto como se fosse um desenho, ou seja, ainda não tem o discernimento de distinguir os códigos e combinações de letras. 

Nesta fase, se reconhece apenas as palavras as quais possuem mais contato, como por exemplo, um rótulo, uma marca conhecida, um cartaz ou um símbolo famoso.

A criança é capaz de acionar a memória visual e fazer a ligação com o que se está vendo no momento, como é o caso da identidade visual de uma loja ou outdoor de um fast food. Porém, a identificação só ocorre por esse motivo. 

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Ambiente alfabetizador – o que é e como criar?

Pense na sala de aula do Ensino Fundamental como se fosse uma cozinha, repleta de alimentos in natura e de utensílios à disposição… Compare os dois ambientes e responda: como fazer para que esse “ambiente culinário” estimule o surgimento de futuros chefs? A comparação parece absurda, mas é mais ou menos isso que acontece quando se imagina um ambiente alfabetizador ideal.

Legumes, verduras, grãos, carnes, farinhas, leite podem até matar a fome urgente, mas, para aprender a manipular os alimentos e construir com eles um menu digno de masterchef, é preciso aprender a manipular os ingredientes, a uni-los e a combinar bem seus sabores.

Por isso que se tem hoje em dia certeza de que a fórmula antiga de forrar as paredes da sala de aula com cartazes com textos e palavras escritas, etiquetas de identificação e outros penduricalhos não é suficiente para estimular a alfabetização. É como ter à mão farinha, fermento, sal e água e não saber que tem de misturar tudo, amassar e assar para chegar ao pão.

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Alfabetização – qual a idade correta para ler e escrever?

A sociedade está sempre repleta de convenções que funcionam muito bem na maioria das vezes, mas que, em outros momentos, precisam ser adaptadas para lidar com características individuais. Isso é muito verdade quando a questão é ter ou não uma idade certa para aprender a ler e escrever. Afinal, temos aqui um padrão ou uma conveniência?

Oficialmente, o processo de alfabetização começa no primeiro ano do Ensino Fundamental, por volta dos 6 anos, e espera-se que os alunos saibam ler e escrever por volta de 8 a 9 anos de idade, já no terceiro ano. Existem escolas, contudo, que iniciam a alfabetização por volta dos 4 anos de idade – e com isso, com menos de 7 anos, essas crianças já estão alfabetizadas de fato.

Importante ressaltar que as pesquisas neurocientíficas indicam que o processo iniciado por uma criança de 6 anos de idade já apta às habilidades de leitura e escrita é concluído entre os 7 anos e meio e os 7 anos e 8 meses.

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Como a tecnologia pode ajudar na alfabetização

O que a carteira em sala de aula tem a ver com um mundo hiperconectado? Muito pouco, sem dúvida. Talvez quase nada… Afinal, o mundo mudou, alunos e professores mudaram, a dinâmica das interações não é mais a mesma dentro e fora da escola.

Sobretudo depois da pandemia, quem imagina ser possível retornar à escola sem ter um novo olhar sobre as coisas?

Nesse cenário, é crucial que o professor perceba o quanto a tecnologia pode ser uma aliada na mediação do conhecimento e como o interesse é um motor superpotente para a aprendizagem. Então, não há como dissociar a educação – não só a alfabetização, mas o letramento, em particular – de como o mundo se encontra hoje, com tantos bites e bytes, gigas e “gês” rolando por aí.

Em 2020, 92% das crianças e adolescentes brasileiros de 10 a 17 anos viviam em domicílios com acesso à internet, segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). A proporção foi menor (82%) para indivíduos das classes D e E. Porém é importante ressaltar que a inserção de recursos tecnológicos no ambiente educacional, por si só, não garante que o estudante absorva o conhecimento.

O que pode trazer esse resultado é a maneira como o professor promove a articulação entre as ferramentas e conteúdos curriculares. E, diga-se, isso pode ser um enorme desafio para ele, que vai confrontar suas habilidades com os alunos nativos digitais.

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Analfabetismo funcional – conceito e cenário no Brasil

Nada leva a crer que uma das grandes mazelas do Brasil, o analfabetismo funcional, esteja hoje melhor que em 2018, quando foram divulgados os dados do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf). Naquele ano, a parcela de brasileiros classificados como analfabetos funcionais era de 29%, uma queda de dez pontos percentuais na comparação com o ano de 2001. O Inaf também revelou a redução no número de analfabetos: de 12% para 8%.

No Brasil, o analfabetismo funcional é atribuído aos indivíduos com mais de 20 anos que não completaram quatro anos de estudo formal. Quem é analfabeto funcional lê, mas não consegue extrair sentido das palavras. Também não é capaz de se expressar pela escrita. No fundo, nisso tudo ele se assemelha muito a quem não foi alfabetizado.

O resultado do Inaf é alarmante, e a baixa qualidade do ensino parece ser o principal entrave para a erradicação do analfabetismo no país. Indício forte disso é que, dos 71% de brasileiros funcionalmente alfabetizados, apenas 12% são considerados proficientes em português e matemática.

A dificuldade de compreensão dos gêneros textuais, mesmos os mais simples e mais cotidianos, bloqueia o desenvolvimento intelectual, pessoal e profissional do indivíduo. Por isso é triste constatar a enorme parcela de indivíduos tecnicamente alfabetizados que ainda enfrentam dificuldades na compreensão de textos e na resolução de problemas simples matemáticos.

Classificações de proficiência da alfabetização

O Instituto Paulo Montenegro, responsável pelo Inaf, separa a alfabetização em dois grandes grupos: o de analfabetos funcionais e os de indivíduos funcionalmente alfabetizados.

O grupo de analfabetos funcionais divide-se também em dois:

  • analfabetos;
  • rudimentares.

O primeiro é formado por quem não consegue realizar atividades simples que envolvam a leitura de palavras e frases curtas. No segundo estão os que entendem as informações explícitas de um texto curto, como bilhetes e anotações, lê números simples e usuais e realiza operações matemáticas simples, como contar o troco.

Os funcionalmente alfabetizados dividem-se em três:

  • elementares;
  • intermediários;
  • proficientes.

O elementar está só um passo à frente do analfabeto rudimentar por conseguir ler e compreender textos de tamanho médio e resolver problemas matemáticos que contenham sequências, gráficos e tabelas simples.

Só é classificado como proficiente quem lê textos complexos, faz análises das partes do texto com conhecimentos cotidianos ou de maior especificidade, compara informações e distingue os diferentes tipos de texto e formas de escrita. Este também é capaz de diferenciar fatos de opiniões. Em matemática, os proficientes sabem interpretar gráficos e tabelas com muitas variáveis, compreendem escalas e projeções.

O problema é que, conforme o Inaf, o domínio pleno da leitura vem sofrendo queda no Brasil, mesmo entre os que concluíram o Ensino Fundamental ou o Ensino Superior, o que desfaz o mito de que o problema estaria restrito à baixa escolaridade e às camadas de baixa renda.

De acordo com os especialistas, a solução para erradicar o analfabetismo funcional passa pela adoção de métodos de letramento e do esforço conjunto de pais e escola, até porque o letramento é conquistado na prática cotidiana, que envolve não só a leitura de textos, mas também a crescimento de uma visão crítica.

De onde vem o termo

De acordo com o que destacou Vera Masagão Ribeiro, em sua tese “Alfabetismo funcional: referências conceituais e metodológicas para a pesquisa”, o termo alfabetismo funcional foi cunhado nos Estados Unidos na década de 1930 e utilizado pelo exército norte-americano durante a Segunda Guerra.

O conceito indicava a capacidade de entender instruções escritas necessárias para a realização de tarefas militares. Já o analfabetismo funcional, por sua vez, “foi utilizado para designar um meio termo entre o analfabetismo absoluto e o domínio pleno e versátil da leitura e da escrita, ou um nível de habilidades restrito às tarefas mais rudimentares referentes à ‘sobrevivência’ nas sociedades industriais”.

Segundo Vera Ribeiro, a ampla disseminação do termo analfabetismo funcional em âmbito mundial “deveu-se basicamente à ação da Unesco, que adotou o termo na definição de alfabetização que propôs, em 1978, visando padronizar as estatísticas educacionais e influenciar as políticas educativas dos países-membros”.

Segundo a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, mais de 960 milhões de adultos são analfabetos. A declaração considera o analfabetismo funcional um problema significativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento.

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Gostou do artigo? Então, vale a pena aprofundar seus conhecimentos com o Guia da Alfabetização.

Como avaliar a alfabetização?

Se nenhuma criança é igual a outra, por que esperar delas o mesmo desempenho na fase de alfabetização e letramento? É preciso parar para avaliar individualmente essa trajetória, mas isso não é tão simples como parece. Afinal, ter um momento específico de teste com uma criança nessa idade, cujos avanços cognitivos são mais evidenciados no dia a dia, é um imenso desafio.

É preciso lembrar que a criança ainda está numa fase muito lúdica da educação. Mesmo assim, é muito importante acompanhar seu desenvolvimento e buscar formas de avaliação que façam sentido para este momento.

Quando falamos em avaliar, queremos dizer refletir, provocar questionamentos, dialogar, perguntar e ouvir também sobre seu próprio desempenho como educador.

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Comportamento leitor – o que é e como estimular?

A leitura precisa ser estimulada desde a infância para que vá muito além do que decifrar códigos gráficos. Muito mais do que aprender o alfabeto, compreender a conexão entre as letras, sílabas e palavras, é preciso entender a relação delas com o mundo, e fazer disso um hábito. É, portanto, na prática cotidiana de ler que se adquire o chamado comportamento leitor.

Esse comportamento leitor nada mais é do que fazer da leitura um prazeroso costume. E que forma mais prazeirosa há de ler se não pela literatura?

Ler é essencial para a formação humana e é na relação direta com contextos que se estabelece a interpretação de algo escrito. Objetivamente, a leitura ajuda no desenvolvimento cognitivo e intelectual dos indivíduos. Mas ela se mostra ainda mais essencial nas questões sociais e emocionais.

Ninguém precisa ser um mestre em português, mas, quanto antes a prática da leitura for solidificada no dia a dia de alguém, maior será a chance dele crescer como um cidadão capaz de ler, entender, selecionar e organizar as informações por escrito.

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Hipótese silábica – o que é isso?

Entre as fases pelas quais toda criança passa até se tornar apta a escrever, a hipótese silábica é a virada de chave, o momento “mágico” no qual uma criança afinal descobre que a escrita é a representação da fala e que os sons podem ser representados por letras e sílabas.

É, portanto, um divisor de águas que confere à criança um primeiro amadurecimento educacional.

Por que dizemos isso? Se você já teve a oportunidade de conviver com uma criança ainda não alfabetizada e pôde observar como ela se comunica, certamente percebeu o interesse dela e o esforço em se conectar, ainda que aleatoriamente, a palavras escritas.

Ao desenvolverem seus estudos sobre a psicogênese da língua escrita, Emília Ferreiro e Ana Teberosky, detectaram que as crianças criam teorias (hipóteses) ao longo do processo de alfabetização. Elas explicam que, mesmo antes de conseguir escrever de próprio punho os primeiros bilhetes para a mãe, toda criança cria hipóteses mentais sobre (o mistério de) como é se comunicar pela palavra escrita.

Não raro ela produz “garranchos” e, se a convidarmos a dizer o que “escreveu”, certamente virá com uma resposta “direta e clara” de algo que só ela mesma pode identificar. A comunicação ainda não se dá pela escrita, mas sim pela fala.

Essa ideia é essencial para perceber que a criança pensa sobre a escrita antes mesmo de ingressar na escola e, de algum modo, inicia autonomamente o seu próprio caminho rumo à alfabetização.

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Alfabetização e letramento: conceitos distintos, mas parceiros

Aprender a reconhecer as letras, sílabas, palavras – o que se chama alfabetização – é como ser iluminado por uma lamparina em meio a uma imensa escuridão. Dá para enxergar alguns palmos ao redor.

Porém, para saber realmente onde se está pisando, quais os riscos, os perigos e as maravilhas que estão por vir, é preciso dispor, se possível, da luz do sol – e a isso dá-se o nome de letramento.

A alfabetização não garante autonomia. O letramento, sim. Este é o passo adiante – melhor ainda pensar que fosse uma caminhada lado a lado, com o processo de letramento despertando o interesse pela língua.

A vontade de aprender mais sobre ela ajuda a aprimorar seu uso fora dos muros da escola, por exemplo, nas redes sociais, no âmbito da família, com os amigos ou em qualquer outro espaço de convivência.

Em outras palavras, alfabetização é um processo que leva a codificar e decodificar a escrita e os números, ou seja, se refere à aprendizagem e ao domínio do código alfabético (escrita). Esse aprendizado envolve conhecer a gramática tradicional, que busca separar o conteúdo das práticas sociais – quem nunca ficou confuso ao se deparar com a definição de “oração subordinada adjetiva” ou de “sujeito oculto”?

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