Língua Portuguesa e Literatura para o Enem

Categoria: Literatura (Page 1 of 7)

Fauvismo: conceito e características

O Fauvismo foi uma corrente artística surgida no início do século XX, que tinha nas cores “violentas” a sua principal marca. Além delas, a simplificação das formas também ganhava destaque.

Com temas leves e sem intenções negativas, o movimento artístico usava perspectiva e relevo nos quadros para dar ênfase às suas emoções. Conheça os principais conceitos e características neste artigo. 

Origem e conceito do Fauvismo

O termo “Fauvismo” vem do francês “Les Fauve” que, em tradução livre, significa “as feras”. Foi na intenção de sugerir ferocidade que o crítico de arte Louis Vauxcelles (1870-1943) definiu uma obra do movimento como “fauvista”. 

Isso porque os artistas do Fauvismo usavam cores muito vibrantes em seus quadros, transmitindo a sensação de violência para quem os apreciava. No entanto, o conceito desse movimento passou muito longe dessa conotação pejorativa. 

Assim, a ideia dessa corrente artística era trazer um novo olhar para a sociedade do século XX, por intermédio dos impulsos de cada ser humano. Em outras palavras, a intenção era mostrar que, mesmo sendo civilizado por fora, todos podemos ter emoções violentas em nosso interior. 

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Futurismo na literatura – conceito e características

Movimento do início do século XX que defendia a liberdade de criação, o Futurismo foi uma das vanguardas europeias que se concentrou na Itália. Embora ele não tenha, de fato, chegado ao Brasil, conseguiu influenciar diretamente no movimento modernista. 

Duas fases marcaram esse estilo: “verso livre”, de 1909 a 1913, e a “palavras em liberdade”, de 1914 a 1944. As principais características e temas trabalhados pelo movimento futurista eram a velocidade e a aceleração, além do culto à violência e à guerra. A seguir, falaremos mais detalhadamente sobre ele. Acompanhe!

Origem e conceito do Futurismo

A origem do Futurismo se deu a partir da publicação de Filippo Tommaso Marinetti, intitulada de: Fundação e Manifesto do Futurismo”, em 1909. 

Criador do Manifesto do Movimento Futurista

Embora o movimento tenha surgido e se centralizado na Itália, a veiculação do seu manifesto foi algo de repercussão internacional. Inclusive, vale destacar que a publicação em questão serviu como exemplo para tantas outras seguintes de diferentes movimentos, como o cubismo, o dadaísmo e o surrealismo. 

Como toda vanguarda, o conceito do Futurismo era criar novos padrões estéticos que rompessem com as tradições do passado. Assim, a sua ideia principal era trabalhar com elementos que evidenciassem o progresso e a modernidade de uma produção. 

A ideia principal do movimento futurista era introduzir em suas obras – seja nas artes plásticas, seja na literatura – o conceito de velocidade, ilustrando esse movimento acelerado que se intensificava a cada dia.

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Naturalismo: conceito, contexto, autores e questões

O Naturalismo foi uma tendência estética e literária surgida na Europa, na segunda metade do século XIX. No entanto, o movimento também era chamado de realismo-naturalismo por ser visto pelos mais diversos críticos como uma corrente excessiva do realismo. 

As características que mais destacaram o Naturalismo foram a zoomorfização e o determinismo, atributos que, inclusive, diferenciavam os dois estilos. Contudo, ambos apresentavam crítica social e linguagem objetiva em suas produções. 

No Brasil, Aluísio Azevedo, Raul Pompéia e Adolfo Caminha são os autores principais do movimento. Neste artigo, você conhece o conceito, as características e outros detalhes do Naturalismo. Acompanhe a leitura!

Naturalismo: conceito, contexto, autores e questões

Origem do termo e conceito de Naturalismo 

A origem do termo “Naturalismo” se deu no ano de 1880, após a publicação do livro “O Romance Experimental” de Émile Zola (1840-1902). Melhor dizendo, foi Zola quem usou a expressão pela primeira vez em sua obra. 

O conceito, segundo o próprio autor e os demais naturalistas, era o de valorizar a humanidade e a racionalidade. Em outras palavras, eram contra a ideia de que Deus era o centro de tudo, isto é, eram contra o teocentrismo. 

Contexto histórico do Naturalismo

Quando o Naturalismo surgiu, a Europa passava por diversas transformações econômicas, políticas e sociais, devido à Revolução Industrial e Revolução Francesa. Além disso, na época, também ocorriam mudanças no capitalismo financeiro e nasciam os primeiros centros urbanos. 

A burguesia era a classe dominante, enquanto o proletariado tinha de enfrentar as degradantes condições de trabalho. Neste contexto, Karl Marx (1818-1883) desenvolveu teorias socialistas e comunistas que influenciaram muito a estética naturalista. 

Inclusive, além dele, a doutrina de Auguste Comte (1798-1857) defendia que a única maneira de alcançar a verdade era por intermédio da investigação científica. Em outras palavras, a ciência era vista como a principal maneira de entender a realidade. 

Outro ponto importante da época foram as considerações de Charles Darwin (1809-1882), publicadas em 1859. Em uma obra revolucionária, o biólogo britânico comprovou que os animais evoluíam e se adaptavam ao mundo sem nenhuma interferência divina. 

A oposição ao teocentrismo fez com que surgisse um novo olhar sobre a ciência, o qual acabou sendo inspiração para o Naturalismo. 

Características do Naturalismo

O Naturalismo possui diversas características, as principais são:

  • zoomorfização: figura de linguagem que compara o comportamento do homem com o dos animais;
  • determinismo: princípio que trata o indivíduo como um figurante da história, defendendo que as escolhas humanas não são fruto do livre-arbítrio, e sim das influências do meio em que se vive;
  • cientificismo: doutrina filosófica que coloca a ciência como ferramenta preponderante para compreender a realidade;
  • patologias sociais: as obras do Naturalismo evidenciam os temas que mostram situações negativas como doenças, vícios e adultério;
  • temas cotidianos: os temas retratados, normalmente, falavam sobre a vivência das classes consideradas “baixas”.

Além das características acima, o movimento trazia objetividade, porém impessoalidade narrativa, ou seja, quando o autor não se envolve emocionalmente com seus personagens. 

É importante destacar que o Naturalismo da época era considerado imoral, por mostrar de forma explícita a sexualidade dos personagens. Inclusive, a zoomorfização era atribuída somente aos pertencentes à classe operária, as pessoas negras eram mostradas como inferiores e a homossexualidade tratada como doença. 

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Condoreirismo: conceito, autores, obras e questões

Associado à terceira geração romântica do Brasil, o Condoreirismo foi um movimento literário de poesia. 

Suas produções abordavam aspectos sociais e abolicionistas por intermédio da crítica sociopolítica e do apelo emocional. O movimento tinha Castro Alves como poeta principal. Saiba mais detalhes neste artigo!

Condoreirismo: conceito, autores, obras e questões

Origem do termo e conceito do Condoreirismo

A origem do termo Condoreirismo está conectada à ave condor, símbolo da Cordilheira dos Andes. Essa ave é capaz de voar muito alto e, em razão disso, os poetas a escolheram como forma de simbolizar a liberdade.

Assim, o conceito do Condoreirismo, segundo os próprios autores do movimento, são os princípios libertários. Esses princípios tiveram a influência da poesia de Victor Hugo (1802-1895), poeta francês, criador da obra “Os Miseráveis”. Inclusive, esse é o motivo pela fase também ser chamada de “Geração Hugoana”. 

Embora seja considerado uma faceta do romantismo brasileiro, o Condoreirismo não seguia o mesmo estilo da primeira e segunda fase romântica. Em outras palavras, não havia melancolismo em suas obras. 

Contexto histórico do Condoreirismo

O Condoreirismo surgiu durante a regência de D.Pedro II (1825-1891), no século XIX. Naquela época as leis contra o fim da escravidão estavam sendo aprovadas. Entre elas, a Lei Eusébio de Queirós (1850), a qual criminalizava o tráfico de escravos, e a Lei do Ventre Livre (1871) que determinava a liberdade as crianças nascidas a partir daquele ano.

Esse movimento foi o impulsionador que fez diversos artistas buscarem por uma identidade nacional e colocar o abolicionismo como foco de suas produções. Deste modo, os autores do movimento Condoreirismo se inspiraram nos temas de cunho político e social, e passaram a se expressar contra a escravidão.

Características do Condoreirismo

As principais características do Condoreirismo são:

  • Liberdade poética
  • Realismo social
  • Busca pela identidade nacional
  • Crítica sociopolítica
  • Libertação do egocentrismo
  • Busca por justiça
  • Temas sobre escravidão
  • Caráter subjetivo
  • Imagens hiperbólicas
  • Apelo emocional
  • Uso de vocativos e exclamações
  • Visão libertária

Principais artistas do Condoreirismo

O Condoreirismo contou com muitos artistas, sendo o Castro Alves (1847-1871), o poeta principal, também conhecido como “Poeta dos Escravos”. Suas obras com mais destaques da época foram:

  • “O Navio Negreiro”
  • “Os Escravos”
  • “Vozes D’África”

Entretanto, além dele, Joaquim de Sousa Andrade (1833-1902), também chamado de “Sousândrade”, e Tobias Barreto (1839-1889), também foram nomes com muita visibilidade no movimento. 

Sousândrade era defensor dos ideais abolicionistas e republicanos, sendo um dos primeiros poetas brasileiros com referência à modernidade. Suas principais obras foram:

  • “Harpas de Oiro”
  • “Harpas Selvagens”
  • “O Guesa Errante”. 

Já Tobias Barreto, além de poeta, foi filósofo e jurista. Considerado um dos fundadores do Condoreirismo, tem como destaque as obras:

  • A Escravidão”
  • “Amar”
  • “O Gênio da Humanidade”

Exemplo de poesia condoreira

A seguir, confira um exemplo de poesia condoreira de Castro Alves:

Mater Dolorosa

Meu Filho, dorme, dorme o sono eterno

No berço imenso, que se chama – o céu.

Pede às estrelas um olhar materno,

Um seio quente, como o seio meu.

Ai! borboleta, na gentil crisálida,

As asas de ouro vais além abrir.

Ai! rosa branca no matiz tão pálida,

Longe, tão longe vais de mim florir.

Meu filho, dorme Como ruge o norte

Nas folhas secas do sombrio chão!

Folha dest’alma como dar-te à sorte?

É tredo, horrível o feral tufão!

Não me maldigas… Num amor sem termo

Bebi a força de matar-te a mim

Viva eu cativa a soluçar num ermo

Filho, sê livre… Sou feliz assim…

– Ave – te espera da lufada o açoite,

– Estrela – guia-te uma luz falaz.

– Aurora minha – só te aguarda a noite,

– Pobre inocente – já maldito estás.

Perdão, meu filho… se matar-te é crime

Deus me perdoa… me perdoa já.

A fera enchente quebraria o vime…

Velem-te os anjos e te cuidem lá.

Meu filho dorme… dorme o sono eterno

No berço imenso, que se chama o céu.

Pede às estrelas um olhar materno,

Um seio quente, como o seio meu.

Castro Alves

Questões do Enem sobre Condoreirismo

Para finalizar este artigo, vamos conferir duas questões (com gabarito comentado) sobre a terceira geração do Romantismo.

Questão 1

UENP – Leia o texto abaixo:

Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados

*

E ao ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos

*

Pense no Haiti, reze pelo
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui.

(Tropicália 2, Polygram, 1993.)

O trecho da canção que você leu agora, com letra de Caetano Veloso e música de Caetano e Gilberto Gil, estabelece uma interessante relação dialógica com a seguinte corrente literária:

a) Primeira fase do Romantismo.
b) Realismo.
c) Naturalismo.
d) Parnasianismo.
e) Condoreirismo.

Questão 2

Fuvest – Leia o poema abaixo:

MOCIDADE E MORTE

“Oh! eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh’alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n’amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma…
Nos seus beijos de fogo há tanta vida…
– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.”

No trecho acima, de Castro Alves, reúnem-se vários dos temas e aspectos mais característicos de sua poesia. São eles:

a) identificação com a natureza, condoreirismo, erotismo.
b) aspiração de amor e morte, sensualismo, exotismo.
c) sensualismo, aspiração de absoluto, nacionalismo, orientalismo.
d) personificação da natureza, hipérboles, sensualismo velado, exotismo.
e) aspiração de amor e morte, condoreirismo, hipérboles.

Gabarito comentado das questões

  • Questão 1 – Resposta: Letra D. A letra da música de Caetano Veloso trata da condição do negro no Brasil, característica marcante do Condoreirismo, principalmente nas obras do poeta dos escravos, Castro Alves.
  • Questões 2 – Resposta: Letra A. Note que nesta poesia lírica de Castro Alves há um afastamento da imagem feminina platônica e idealizada. O autor busca, pelo contrário, expressar uma sensualização da mulher, como pode ser visto, por exemplo nos seguintes versos: “No seio da mulher há tanto aroma…/Nos seus beijos de fogo há tanta vida…”.

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Dadaísmo: conceito, características e questões

Também chamado de “Dadá”, o Dadaísmo foi um movimento artístico e literário das vanguardas europeias no século XX. Além disso, é considerado um grande impulsionador das ideias surrealistas.

Por intermédio das suas características radicais, o movimento pregava o lema de “a destruição também é criação”. Assim, a sua proposta era desvincular a produção artística das regras de estética.

O Dadaísmo escandalizou o gosto popular e, neste artigo, você irá entender o conceito e as características desse movimento. Confira!

Dadaísmo: características do movimento artístico e literário.

Origem e conceito do Dadaísmo

Começando pela origem da palavra, Tristan Tzara (1896-1963), o poeta e criador do movimento, afirmou que “Dadá” não significa nada. O termo surgiu por acaso ao abrir o dicionário. No entanto, a palavra, que diz pouco ou quase nada, tornou-se muito importante nas produções artísticas e literárias.

Isso porque o Dadaísmo tem como principal conceito a estética do surreal, do absurdo, do incoerente. Criado na Suíça, em 1916, por meio dos textos de manifestos, o movimento tinha como objetivo promover uma nova manifestação artística.

A proposta era de uma arte espontânea e irreverente, pautada pela liberdade, ironia, absurdo, pessimismo e irracionalidade. Sua finalidade era de ir contra a guerra e o sistema, impactando os burgueses da época.

Inclusive, o termo “Dadá”, do francês, significa “cavalo de madeira”. Ele foi escolhido, justamente, para expressar a falta de sentido e as inconsistências do novo movimento. Desse modo, o Dadaísmo foi criado para questionar a arte e produzi-la com todas as suas imperfeições.

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Ultrarromantismo: o que é, características e questões

Movimento literário português e brasileiro, o Ultrarromantismo ocorreu na segunda metade do século XIX. As suas obras se caracterizam pela melancolia, pessimismo e idealização do amor e do sofrimento. 

Assim, esse movimento é uma das tendências da literatura romântica, marcada pelo egocentrismo e pelo exagero sentimental. Neste artigo, você vai conhecer seu conceito e suas características. Acompanhe!

Ultrarromantismo: características desse movimento literário

Qual é o Ultrarromantismo?

O Ultrarromantismo tem um conceito associado à estética literária. Trata-se de um movimento que surgiu na Europa, no século XIX, marcado por uma postura sentimentalista exagerada.

Os seus princípios eram a combinação das emoções e o subjetivismo. Em outras palavras, os escritores do movimento investiam na criatividade para criar suas obras, distanciando-as dos padrões estéticos antigos. 

Contexto histórico do Ultrarromantismo

O contexto histórico do Ultrarromantismo em Portugal foi marcado por muitos conflitos políticos. Isso porque ele surgiu em meio a transição do Absolutismo para o Constitucionalismo, ocorrido na segunda regência de Maria II (1819-1853), em 1834. No entanto, com o falecimento da rainha, o rei Pedro V (1837-1861) assumiu o poder e, assim, houve a harmonia na gestão política. 

Já no Brasil, o Ultrarromantismo se iniciou durante o Segundo Reinado, isto é, quando o país era governado por D.Pedro II (1825-1891). A época foi marcada pela centralização política e pela Guerra do Paraguai.

Devido à situação política desses países, alguns artistas românticos submeteram-se à alienação social. Em outras palavras, abdicaram dos seus anseios coletivos, para dar espaço aos seus sentimentos individuais.  

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Humanismo na literatura: o que é, características e questões comentadas

O Humanismo na literatura foi o movimento de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. Melhor dizendo, foi a transição entre o Trovadorismo e o Classicismo. 

O período valorizou a cultura greco-latina e os ideais que exaltavam o ser humano. Foi por intermédio das mudanças sociais e econômicas que a sociedade passou a pensar diferente e uma nova produção artística surgiu.

Se você deseja saber o que é Humanismo na literatura e suas principais características, continue a leitura deste artigo.

Humanismo na literatura: guia completo sobre esse movimento literário

O que é o Humanismo na literatura?

Em linhas gerais, o Humanismo na literatura foi um movimento que mudou a forma de pensar da sociedade. Em outras palavras, ele exaltou a racionalidade humana, uma vez que as pessoas na época não tinham acesso à informação e eram fortemenete influenciadas pelas igrejas, especialmente a Católica. 

Assim, surgido no final da Idade Média, na Itália, no século XIV, o Humanismo na literatura foi o ponto de partida para o Classicismo, durante o Renascimento

Contexto histórico do Humanismo na literatura

O Humanismo na literatura surgiu em um contexto histórico repleto de mudanças econômicas, sociais e políticas. Para se ter uma ideia, na época de seu surgimento, o feudalismo perdia espaço para o capitalismo, que se desenvolvia fortemente, criando uma nova classe social, a burguesia. 

Os burgueses, por sua vez, eram crias do sistema feudal. No entanto, o pensamento da classe foi se transformando de forma gradual. Assim, a mentalidade da submissão às ordens da igreja foi se quebrando e novas teorias foram aparecendo.

A partir do rompimento com a igreja pelas reformas religiosas, os pensadores passaram a priorizar a razão. Nesse sentido, a sociedade passou a ser vista como responsável por seus próprios atos, valorizando a cultura greco-romana.

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Surrealismo: o que é, obras, autores e questões

Movimento artístico e literário, o Surrealismo é caracterizado pela expressão espontânea do pensamento. Em outras palavras, a sua produção artística e literária é pautada pela criatividade, ou seja, seguindo os impulsos do subconsciente. 

Neste artigo, detalhamos tudo sobre esse movimento para você não ter mais dúvidas na hora da prova. Confira!

Surrealismo: características, artitas e autores.

Qual é a origem do Surrealismo?

O termo “Surrealismo” teve origem em 1917, por meio de uma fala do escritor Guillaume Apollinaire. Após assistir a uma peça de teatro, o autor descreveu a apresentação como: “acima da realidade”, usando a palavra “Sur” que, em francês, significa “sobre”. Assim, o termo “surrealista” foi criado. 

No entanto, o movimento artístico e literário só se manifestou em 1920, na França, visando compreender melhor o inconsciente humano. Melhor dizendo, o Surrealismo surgiu para ultrapassar os limites da imaginação, deixando de lado o pensamento lógico e os ideais impostos pelos burgueses no Renascimento.

Porém, nem todos foram a favor e diferentes pensadores alegaram que não iriam seguir os propósitos do Surrealismo. Embora diversas manifestações contra tenham ocorrido, o movimento prosperou, criando uma nova concepção do mundo e dos seres humanos.

Assim, muitos afirmam que o Surrealismo só desabrochou após 1924, quando André Breton escreveu a obra “Manifesto do Surrealismo”. 

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Niketche – uma História de Poligamia, de Paulina Chiziane: análise da obra

A obra mais conhecida de Paulina Chiziane, “Niketche – uma História de Poligamia” foi publicada no ano de 2002, 10 anos depois da Guerra Civil que devastou Moçambique. O livro conta a história de Rami, mulher traída que se une às quatro amantes do marido, visando formar uma grande família. 

O livro é narrado pela própria protagonista e marcado por seus fluxos de consciência ao avaliar o seu lugar de mulher na sociedade moçambicana. “Niketche” é vencedora do prêmio Camões em 2021, e se trata de uma história que questiona as condições do público feminino na sociedade. 

Personagens principais de “Niketche – uma História de Poligamia”

Os personagens principais de “Niketche – uma História de Poligamia”, são:

  • Rami ou Rosa Maria: é a protagonista casada com Tony. Narradora da própria história. 
  • Tony ou António Tomás: é o marido de Rami que a trai com quatro outras mulheres. 
  • Julieta: é a segunda mulher de Tony.
  • Luísa: é a terceira mulher de Tony.
  • Saly: é a quarta mulher de Tony.
  • Mauá: é a quinta mulher de Tony.
  • Levy: é o irmão de Tony.
  • Maria: é a tia de Rami.
  • Vito: é o amante de Luísa e Rami.

Resumo de “Niketche – uma História de Poligamia”

Em “Niketche – uma História de Poligamia”, é contada a história de Rami, por meio da narração da própria protagonista, ou seja, se trata de uma narradora-personagem. É importante destacar que a palavra “Niketche” faz referência a uma dança tradicional do norte de Moçambique. Essa dança é um ritual realizado por mulheres quando entram na vida matrimonial.

O enredo gira em torno da protagonista que descobre, após 20 anos de casamento, que o seu marido, Tony, está sendo infiel. No entanto, em um primeiro momento, ela se culpa diante do espelho pela ausência e desinteresse de seu esposo. Porém, após esse fato, ela decide procurar pela amante do marido, a Julieta, com quem ele também tem filhos. 

Contudo, ao fazer isso, as duas saem no tapa e acabam sendo feridas e em um cenário inesperado, Julieta cuida das feridas de Rami. Atitude que provoca na esposa um espanto e, consequentemente, a quebra da raiva que sentia. Assim, as duas conversam e a amante confessa que não vê Tony há sete meses, o que provoca uma estranha empatia em Rami.

Entretanto, se Tony não está com uma e nem com a outra, as duas entendem que há uma terceira. Em razão disso, Rami vai em busca de respostas e conhece Luísa, outra esposa de seu marido. Ao confrontá-la, assim como ocorreu com Julieta, as duas acabam em uma luta física. Porém, no fim, também se tornam amigas. 

O fato é que a história não acaba por aí. O Tony, além de Julieta e Luísa, também tem um relacionamento com Saly e Mauá, o que faz com que a protagonista comece a se questionar sobre a poligamia. 

Assim, ela reúne todas as mulheres e o marido, para propor que se tornem uma única família. Visto que, ela não aceita perder o esposo e sabe que ele não deixará de ter relações extraconjugais. No entanto, Tony fica envergonhado diante da “grande família” e acaba fugindo da situação. 

Diante disso, as mulheres decidem fazer uma espécie de “escala conjugal”, na qual o marido possa passar uma semana com cada uma delas. Porém, Tony começa a se envolver com uma sexta mulher, deixando as outras cinco preocupadas. 

Nesse meio tempo, Rami, que já é super amiga das amantes, é convidada para uma festa na casa de Luísa e acaba se envolvendo com Vito, o amante dela. Assim, mais uma vez, as duas passam a dividir o mesmo homem. 

Durante o enredo, Rami começa a mudar a sua postura. Ela percebe as injustiças que rodeiam as mulheres de Moçambique, especialmente no que diz respeito às relações. Contudo, uma notícia muda tudo: Tony é atropelado e supostamente morre. Isso porque, o corpo do falecido fica irreconhecido, dando margem ao erro. 

Assim, Rami acaba assumindo um relacionamento com Levy, irmão de seu marido. Porém, tempos depois, Tony volta e descobre que foi dado como morto. Nesse ínterim, Luísa deixa Tony e se casa com Vito, convidando Rami para ser a segunda esposa. 

As outras três mulheres seguem com Tony e ainda procuram outra esposa para ocupar o lugar vago, mas Tony não quer mais se envolver com ninguém, encerrando assim a dança de Niketche. 

Contexto histórico de “Niketche – uma História de Poligamia”

A obra “Niketche – uma História de Poligamia”, tem como pano de fundo a instabilidade política e social, gerada pelo Acordo Geral de Paz, assinado em 1992, em Moçambique. Apesar da diminuição de conflitos entre a Resistência Nacional Moçambicana e o governo da Frente de Libertação de Moçambique, a paz ainda era ameaçada.

É neste contexto que a história de poligamia se desenvolve. Assim como em outras obras criadas no período da pós-independência, Niketche também valoriza a diversidade cultural para aumentar a união do país. 

Análise literária de “Niketche – uma História de Poligamia”

Dividida em 43 capítulos, “Niketche – uma História de Poligamia” é contada pela narradora-personagem, Rami. A protagonista analisa, durante o enredo, a sua condição e das demais mulheres vinculadas à tradição de Moçambique. Desta forma, o leitor consegue entender qual a realidade feminina da época, marcada pela submissão ao homem. 

O tempo da narrativa não é revelado, porém, é notório que a história ocorre em uma época posterior à Guerra Civil Moçambicana, ou seja, após 1992. Além disso, a ambientação é do sul de Moçambique, porém outras localidades são citadas, como Zambézia e Cabo Delgado.

A história começa com uma traição, na qual a esposa se sente culpada, por se olhar no espelho e não se achar mais atraente. Entretanto, no decorrer da narrativa, a mulher traída faz amizade com as amantes do marido e até propõe que se tornem uma única família. 

Neste cenário, nota-se que a autora sobressai a voz feminina, a partir do momento em que as amantes começam a ter empatia uma pela outra, deixando a rivalidade de lado. Contudo, também é possível notar que há uma crítica de costumes por trás do enredo, no qual as mulheres devem ser sempre submissas ao homem. 

Isso porque, Paulina Chiziane aborda a mulher na sociedade patriarcal, destacando as responsabilidades da esposa de Tony, enquanto ele está sempre ausente. Nesse sentido, a esposa cuida da casa e dos filhos, sendo essas as suas responsabilidades familiares. 

Até a finalização da obra, o leitor consegue ver Rami em um processo de autodescoberta e evolução, aprendendo a não se culpabilizar pelos erros que não partiram dela. Além de visualizar a sororidade entre as personagens. 

Sobre a autora Paulina Chiziane

Paulina Chiziane nasceu em Moçambique, cidade de Manjacaze, em 1955. Embora filha de pai protestante, Chiziane cursou o primário em uma instituição católica. No entanto, se formou na Escola Comercial de Maputo e estudou linguística na Universidade Eduardo Mondlane.  

A autora se envolveu com a Frente de Libertação de Moçambique e trabalhou junto à Cruz Vermelha, no período da Guerra Civil. Além disso, Chiziane integrou o Núcleo das Associações Femininas da Zambezia (Nafeza). 

Com o seu romance “Niketche – uma História de Poligamia”, a escritora conquistou o Prêmio Camões, em 2021.

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Olhos d’água, de Conceição Evaristo: análise e resumo da obra

Lançado em 2014, o livro “Olhos d’água” é uma coletânea de contos escritos por Conceição Evaristo. A autora aborda temas associados às experiências do cotidiano de pessoas negras, especialmente as mulheres. 

Os 15 contos que compõem a obra são apresentados de forma real, ou seja, sem nenhum tipo de cortes ou cenas fantasiosas. A autora retrata fielmente como é o dia a dia de uma pessoa negra no Brasil. 

As narrativas são curtas e falam sobre crianças, homens e, principalmente, mulheres, sendo elas: mães, domésticas, idosas, ex-prostitutas e tantas outras esferas. Os contos abordam o racismo, bem como as imposições acerca da cor de pele e gênero dos personagens. 

“Olhos d’água” conquistou o 3.º lugar do prêmio Jabuti, pela categoria de Contos e Crônicas, no ano de 2015.

Personagens de “Olhos d’água”

Os personagens da obra “Olhos d’água” são homens, crianças e, sobretudo, mulheres marcadas pelas submissão e violência devido à cor de pele e outras questões sociais e de gênero. 

Alguns contos levam o nome das personagens, como os títulos: Ana Davenga, Ayoluwa e Natalina. Mulheres que vivenciaram diferentes tipos de violência, mas decidiram continuar vivendo, sonhando e ansiando por dias melhores. 

Além disso, as pessoas da narrativa trazem a identidade afro-brasileira e relembram o sofrimento, bem como a resiliência de seus ascendentes.

Resumo de “Olhos d’água”

A obra “Olhos d’água” é composta por 15 diferentes contos que se mesclam. Eles narram histórias de pessoas negras que sofreram os mais diversos tipos de violência e depreciação durante a vida. 

Contudo, o leitor consegue notar, desde o primeiro conto, o qual possui o mesmo título do livro, que a autora vai além do sofrimento. Seu objetivo é mostrar a ancestralidade e identidade afro-brasileira, destacando a dura realidade, bem como o acalento a esses personagens. 

Os nove primeiros contos da obra têm mulheres como protagonistas, enquanto os quatro seguintes, contam a histórias de homens que morrem devido à marginalização social. Os títulos, em sua maioria, são construídos pelo nome dos personagens principais, como: “Maria”, “Luamanda” e “Lumbiá”, por exemplo. 

Vale dizer que, já no prefácio, o livro sinaliza que a escrita é a forma que a autora tem de retratar as suas experiências e escancarar o que há de errado na realidade: 

“…escrever é, certamente,“uma maneira de sangrar”; mas também de invocar e evocar

vidas costuradas “com fios de ferro” – porém aqui preservadas com a persistente costura

dos fios da ficção, em que também se almeja e se combina, incansavelmente, não

decerto a imortalidade, mas a tenaz vitória humana, a cada geração, sobre a morte.

A partir daí, o leitor consegue se identificar imediatamente por meio das narrativas compartilhadas. Narrativas estas, recheadas de ancestralidade, fé, lágrimas, violência e sentimentos. As vozes não se calam devido aos acontecimentos expostos e por essa razão, a obra comove com sua dor poética.

Contexto histórico de “Olhos d’água”

O contexto histórico em “Olhos d’água” é histórico e, ao mesmo tempo, contemporâneo. Isso porque, ainda que aborde temas muito atuais por meio de sua publicação de 2014, ele é um retrato de situações que ocorrem desde que “o mundo é mundo”. 

Assim, a obra representa a voz dos negros e de toda uma sociedade que, há muitas décadas, tenta ser silenciada. 

Análise literária de “Olhos d’água”

Em “Olhos d’água”, a desigualdade social é o ponto central. As situações retratadas, infelizmente, não são ficções, mas sim a dura realidade do cotidiano de muitas pessoas. Entre os destaques de cada conto, a autora menciona o desespero, a miséria e a fome. Além de retratar episódios como assaltos, balas perdidas, a vida de um morador de rua e assim por diante. 

Temas como esses não são novos, bem como o retrato de uma realidade perfeita que homens brancos costumam pintar. Por essas razões, Conceição decidiu retratar de forma clara a realidade do mundo do crime, as desigualdades e, especialmente, a violência contra negros e mulheres. 

No entanto, a autora consegue mostrar os personagens não apenas como vítimas de um sistema falho, mas sim, como protagonistas de suas próprias histórias. Ao combinar diálogos e pensamentos, a autora transmite a complexidade do “existir”. Isso porque, cada uma das pessoas retratadas tem sonhos, medos, amores, raivas, assim como qualquer ser-humano. 

Além disso, “Olhos d’água” também escancara a sexualidade em um período no qual a sociedade tenta impor padrões aceitáveis, oprimindo quem os “desacata”.

Adaptação no teatro da obra “Olhos d’água”

O livro “Olhos d’água” deu origem ao espetáculo: “Olhos d’água ou Nas Pedras Nasciam Asas”, que estreou no Rio de Janeiro em novembro de 2019. A obra cênica é assinada por Cássio Duque, com a adaptação do conto “Olhos d’água” de Conceição Evaristo. A direção é de Juracy de Oliveira, Shirlene Paixão e Sol Miranda. 

Sobre a autora Conceição Evaristo

Nascida em uma favela de Belo Horizonte, em 29 de novembro de 1946, a autora Conceição Evaristo é graduada em Letras pela UFRJ, mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro, e doutora em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense. 

Sua carreira literária iniciou por meio de publicações em “Cadernos Negros”, do Grupo Quilombhoje, de São Paulo, no qual Conceição escrevia contos e poesias. Assim, foi construindo sua produção textual e sendo reconhecida como uma mulher que representava o seu povo.

São os sentimentos e experiências de homens e mulheres negras que compõem os seus livros de dores e sensações. Além de “Olhos d’água”, a autora também escreveu outros livros como: “Ponciá Vicêncio”, que foi publicado nos Estados Unidos em uma tradução para a Língua Inglesa. 

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