Uma das obras mais representativas de Guimarães Rosa, “Grande Sertão: Veredas”, foi publicada em 1956 e faz parte do modernismo brasileiro. Traduzida para diversas línguas e ganhadora de muitos prêmios, inclusive o de Machado de Assis, o romance retrata as aventuras de Riobaldo e seu grande amor, Diadorim. 

Por intermédio de uma linguagem coloquial e regionalista, a história é ambientada em Goiás e nos Sertões da Bahia e Minas Gerais. Trata-se de uma obra extensa, com mais de 600 páginas, estrutura não linear e sem divisão de capítulos. 

Personagens principais de “Grande Sertão: Veredas”

Os personagens principais da obra “Grande Sertão: Veredas”, são:

  • Riobaldo: é o narrador-personagem, protagonista da obra. Um velho fazendeiro, ex-jagunço.  
  • Selorico Mendes: é o padrinho de Riobaldo que, na verdade, é seu verdadeiro pai.
  • Compadre Quelemém de Góis: é o melhor amigo de Riobaldo.
  • Diadorim: é o amor platônico de Riobaldo. 
  • Nhorinhá: é uma prostituta que representa o amor carnal de Riobaldo.
  • Otacília: é outra paixão de Riobaldo, a qual representa o amor verdadeiro.
  • Zé Bebelo: é um fazendeiro que pretende acabar com os jagunços do sertão mineiro, especialmente, o bando de Joca Ramiro, devido às suas pretensões políticas. 
  • Joca Ramiro: é o maior chefe dos jagunços e pai de Diadorim.
  • Ricardão e Hermógenes: assassinos de Joca Ramiro.
  • Medeiro Vaz: é também o chefe dos jagunços, o qual lidera a vingança contra Ricardão e Hermógenes.
  • Só Candelário: é um dos chefes dos jagunços, o qual se torna líder do bando de Hermógenes.

Resumo da obra “Grande Sertão: Veredas”

A obra “Grande Sertão: Veredas”, é narrada por Riobaldo, o protagonista da história, que relata fatos sobre a sua vida e apresenta as suas reflexões. O personagem também descreve os acontecimentos do sertão e da fazenda onde vive. Além disso, fala sobre um doutor que chegou ao local recentemente, pessoa a quem ele se refere como “Moço” ou “Senhor”. 

Após a morte de sua mãe, Riobaldo passa a viver com Selorico Mendes, seu padrinho, na fazenda de São Gregório. No entanto, o que ele não imaginava, é que Selorico, na verdade, era seu verdadeiro pai. 

Nessa fazenda, o protagonista conhece o bando de jagunços de Joca Ramiro e Reinaldo que, mais tarde, revela ser Diadorim, seu grande amor, embora platônico. Riobaldo, então, narra sobre esse amor impossível e também faz diversas reflexões sobre a existência de Deus e o Diabo. 

Por intermédio de uma narrativa não linear e labiríntica, o leitor se depara com diferentes divagações do narrador-personagem, as quais retrata as características e vida dos personagens da obra. Além de apresentar os conflitos entre os bandos de jagunços e o bando de Zé Bebelo, até a morte de Joca Ramiro. 

Contexto histórico de “Grande Sertão: Veredas”

“Grande Sertão: Veredas”, foi publicada durante a Guerra Fria, a qual durou de 1947 até 1991, época em que o mundo estava dividido entre o capitalismo dos Estados Unidos e o socialismo da União Soviética. Nesse período, as pessoas viviam sob a ameaça de um conflito nuclear e eram estimuladas ao consumo, pelos veículos de comunicação. 

O Brasil estava sob o governo de Juscelino Kubitschek, porém em 1964 houve o golpe militar e uma nova ditadura foi implantada. Assim, os autores da terceira fase do modernismo brasileiro expressavam em suas obras o individualismo da sociedade e refletiam sobre as incertezas da época.

Vale dizer que o livro foi publicado em um período no qual predominou o coronelismo, sistema político no qual os fazendeiros dispunham de uma grande influência nas decisões do Estado. 

Análise literária de “Grande Sertão: Veredas”

Marcada pela oralidade e composta por uma linguagem cheia de neologismos, brasileirismos e arcaísmo, o “Grande Sertão: Veredas” é uma obra extensa, dividida em dois volumes com mais de 600 páginas no total. 

Um enredo não-linear, narrado em primeira pessoa por um narrador-personagem que faz reflexões sobre a sua própria vida, ambiente e pessoas que o cercam. O tempo, portanto, é psicológico, em oposição ao cronológico, e o espaço da trama é o sertão brasileiro, tendo os Estados de Minas Gerais, Bahia e Goiás citados diversas vezes. 

O romance apresenta caráter experimental, considerado um monólogo extenso direcionado a um interlocutor não identificado, chamado por Riobaldo de “Senhor” ou “Moço”. Alguns leitores acreditam que esse personagem nada mais é que o próprio Guimarães Rosa. 

A obra, considerada uma das mais importantes da literatura, apresenta narrativa fragmentada e se sobressai no que diz respeito à linguagem. Isso porque, o autor criou diferentes neologismos para retratar fielmente o espaço do sertão. 

Adaptação no cinema da obra “Grande Sertão: Veredas”

O livro “Grande Sertão: Veredas”, ganhou uma adaptação no cinema em 1965. Dirigido por Geraldo Santos Pereira e Renato Santos Pereira, o roteiro é uma adaptação da obra original de Guimarães Rosa. 

O filme faz parte do “Ciclo do Cangaço do Cinema Brasileiro” e conta com um elenco brasileiro, tendo Mauricio do Valle como Riobaldo e Sônia Clara como Diadorim. 

Sobre o autor Guimarães Rosa

Autor de obras como: Sagarana – 1946, Grande Sertão: Veredas – 1956 e Corpo de Baile – 1956, João Guimarães Rosa, nascido em Minas Gerais em 27 de junho de 1908, foi médico e exerceu diversas funções diplomáticas.

No entanto, mesmo tendo outras profissões, Guimarães sempre gostou de escrever. Pela sua dedicação com as palavras, recebeu um prêmio da Academia Brasileira de Letras com sua primeira e única publicação de um livro de poesias. Contudo, após essa obra, escreveu uma série de outras histórias, sendo autor da terceira geração moderna ou pós-modernismo. 

Guimarães Rosa faleceu no Rio de Janeiro, em 19 de novembro de 1967, após três dias de sua posse na Academia Brasileira de Letras.

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